29 DE JANEIRO DE 2021
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A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — O sistema falha porque não fiscaliza os lares ilegais, permitindo que estes continuem a funcionar aos olhos de todos e pondo em risco milhares de idosos, ao nível da saúde e da dignidade
humana.
Por isso, disse o Presidente da União das Misericórdias, e bem, que o Estado é o principal responsável pela
existência de lares ilegais e que o Estado fecha os olhos aos lares ilegais porque não tem resposta.
Por isso, disse o Presidente das cooperativas de solidariedade social, e bem, que os lares ilegais existem
porque não há oferta suficiente e acessível às famílias, e a culpa disso é do Estado.
É inaceitável que, num País que tem cerca de 2500 estruturas residenciais para idosos, existam também
3500 lares em situação ilegal ou mesmo clandestina. Não, não são 788 lares ilegais, como ainda há pouco disse
a Sr.ª Ministra!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Diga lá como é que sabe. Como é que sabe?
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — São 35 000 idosos que vivem em estruturas ilegais, às quais nem as autoridades de saúde nem a segurança social têm acesso.
O Governo, ao ignorar estes problemas, está a abandonar 35 000 idosos, pessoas que se encontram em
situação de risco, e isto é inaceitável.
O PSD tem vindo a alertar para a situação dos lares ilegais e, há muito, tem vindo a solicitar que seja efetuado
um levantamento pela segurança social, em colaboração com as autoridades de segurança e proteção civil.
Mas, meus senhores, isto não se fez, nada foi feito até ao momento.
A situação torna-se particularmente preocupante na atual conjuntura pandémica. Sem esse levantamento, o
Governo excluiu da primeira fase do plano de vacinação contra a COVID-19 milhares de idosos que, por
desespero ou necessidade, são forçados a viver à margem do sistema. E, Srs. Deputados, isto é discriminação.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, queira concluir.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Concluo, Sr. Presidente. A taxa de mortalidade em lares é inaceitável, e isso é o resultado do subfinanciamento do Estado ao setor
social e da insuficiente cobertura da rede de equipamentos sociais, provocando uma degradação dos serviços
prestados aos mais idosos.
Falar de morte com números pode ser politicamente incorreto e até parecer insensível, mas temos de olhar
para esses números com seriedade e responsabilidade.
Quantas mais mortes serão necessárias para que se faça alguma coisa?
Protestos da Deputada do PS Sónia Fertuzinhos.
De nada servem as auditorias e as inspeções determinadas pelo Governo, como as que foram levadas a
efeito num lar de Reguengos, quando não se chega a quaisquer conclusões para se conseguir evitar erros
futuros.
O Governo não pode continuar a assobiar para o lado…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): —… nem a relativizar os números, porque, mais do que números, são pessoas que estão em causa.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Termino, Sr. Presidente.