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I SÉRIE — NÚMERO 42

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um estereotipo aquele sentimento negativo de que o envelhecimento existe como um peso para a sociedade; é,

de facto, um sentimento que as pessoas têm, mas é também uma realidade vivida por elas e, por isso, é

importante que sejam implementadas medidas.

A maior medida que pode existir é a valorização das reformas e pensões destas pessoas, porque é também

aí que o Governo falha, fazendo aumentos que não chegam, sequer, para pagar uma peça de fruta por dia —

isto, Sr.ª Ministra, quando sugerimos que cada pessoa coma cinco peças de fruta por dia. Trata-se de um

exemplo prático do que representam estes aumentos insignificantes.

É preciso combater a pobreza nos idosos e é preciso ter consciência de que a população idosa é a mais

pobre de entre os pobres. O PCP bate-se por isso. O PCP está contra que quem trabalhou uma vida inteira

chegue à fase final da vida, precisando de apoio — já não consegue tomar banho sozinho e já não consegue,

sequer, alimentar-se, levantar-se ou deitar-se sozinho —, com uma parca reforma e não tenha capacidade

económica para aceder a uma instituição digna que cuide dele.

Por isso, têm falhado as políticas sociais para os idosos.

Sr.ª Ministra, quero deixar-lhe uma outra questão relacionada com o acesso à saúde. Tem-se falado muito

da falta de articulação entre o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e o Ministério da Saúde,

área onde é necessário que essa articulação se aprofunde e melhore. Desde já lhe digo — a Sr.ª Ministra sabe-

o, certamente — que assim que um idoso entra numa estrutura residencial para idosos perde, praticamente, o

acesso ao médico e ao enfermeiro de família. Perde-o porque, como a Sr.ª Ministra sabe, muitas vezes esse

idoso não vai para um lar integrado na sua comunidade, junto dos seus laços sociais e onde reside, mas para o

concelho ou distrito vizinhos, muito longe, ficando sem acesso ao seu médico de família. Tem acesso residente

ao médico e ao enfermeiro da sua instituição, mas deixa de ter acesso aos exames complementares de

diagnóstico e aos tratamentos que deveria ter. Como a Sr.ª Ministra sabe, se ele precisar de um tratamento para

cuidar de feridas, de pensos, por exemplo, vai ter de ser a família a comprá-los, quando no centro de saúde teria

direito, de forma gratuita, a esses produtos, que são caríssimos.

Por isso, é fundamental que exista uma articulação com o Ministério da Saúde, até porque há muitos doentes

internados no Serviço Nacional de Saúde que já deveriam estar numa instituição destas, tal como existem muitos

doentes que deveriam estar no Serviço Nacional de Saúde, mas estão nestas instituições.

Sr.ª Ministra, também lhe quero deixar uma ideia referente à aparente intenção da proteção sanitária. De

facto, tem sido aparente, porque não tem sido efetiva. Se há grupo que tem cumprido o isolamento tem sido

este grupo, o dos idosos, o que prova que a responsabilidade não está só do lado do povo português. A

responsabilidade está, também, do lado do Governo, que tem de implementar medidas de proteção e, neste

caso, de mais testagem, porque temos de ir ao encontro do vírus, e não deixar que o vírus vá ao encontro da

população idosa.

A terminar, queria dizer-lhe também que há uma aparente intenção de vacinação, porque muitos «morreram

na praia». Muitos lares, muitas instituições protegeram os seus idosos e agora, já na fase final, quando no dia a

seguir esses idosos iam ser vacinados, essas instituições ficaram com uma cadeia de contágio.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira concluir, se fizer o favor.

O Sr. João Dias (PCP): — Termino Sr. Presidente, Esses idosos perderam, por essa via, o acesso à vacinação.

Sr.ª Ministra, como se vai, pois, resolver a situação daqueles que tiveram cadeias de contágios nos seus

lares e que perderam o acesso à vacinação? Para quando essa resposta?

Aplausos do PCP e do PEV.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para proferir a próxima intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Almeida, do CDS-PP.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Há pouco, tentando fazer uma intervenção construtiva, disse que não era tempo de estar a dizer que estava tudo

bem. Parecia que adivinhava a intervenção que a Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos iria fazer.