I SÉRIE — NÚMERO 42
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A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Estão lá pessoas da geração das nossas avós, das nossas mães, que tiveram condições de vida muito piores…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, peço-lhe o favor de identificar em que é que a sua honra…
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Isto é importante, Sr. Presidente, porque não admito que digam uma coisa que eu não disse.
Protestos de Deputados do PSD e do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
O que eu disse foi que muitas das pessoas da geração das nossas avós e das nossas mães, se continuassem
nas suas casas, teriam condições de vida piores do que aquelas que têm em lares.
Aplausos do PS.
Se a Sr.ª Deputada quiser, levo-a a falar com algumas dessas pessoas, porque não falo de casos no ar, falo
de casos que conheço!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Se a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real pretender dizer algo neste momento, tem a palavra.
Dispõe de 2 minutos para o efeito.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, não preciso de mais tempo para lançar o repto à Sr. Deputada de me acompanhar aos lares ilegais onde as pessoas idosas são depositadas…
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Ah! Eu não estou a falar de lares ilegais!
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — … e onde passam o dia a olhar para uma parede ou sujeitas, também, a abusos, realidade essa que todos nós sabemos existir no nosso País.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Regimentalmente, está assim ultrapassado este incidente. Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do Partido Ecologista «Os
Verdes».
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os lares são espaços que acolhem pessoas idosas cuja situação social, familiar, económica ou de saúde não lhes permita permanecer nas suas casas,
assegurando a prestação dos cuidados adequados à satisfação das necessidades e, sempre que a situação da
pessoa idosa o permita, procurando o incentivo da sua independência e o relacionamento social, de modo a
garantir uma vivência sã e feliz.
Como sabemos, os surtos que se têm verificado nos lares não são alheios ao disseminar do vírus pela
comunidade, mas são com certeza determinantes as graves debilidades estruturais de muitos dos lares, desde
logo a falta de espaço, de meios, de recursos humanos, como assistentes geriátricos, enfermeiros e médicos
em número adequado.
Se já era evidente, mais se tornou neste contexto pandémico a necessidade de reforçar os recursos humanos
nos lares, de garantir a efetividade destes trabalhadores, bem como de proporcionar-lhes formação adequada.
Só assim se conseguirá combater os surtos e assegurar a qualidade e o conforto que estes utentes merecem.
Os lares de idosos devem dispor de pessoal que assegure a prestação dos serviços 24 horas por dia, com
equipas de funcionários que abranjam pessoal da área da saúde, da animação sociocultural, técnicos de
geriatria, ajudantes de ação direta, cozinheiros, ajudantes de cozinha, auxiliares, entre outros.