29 DE JANEIRO DE 2021
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No entanto, os trabalhadores destes equipamentos têm de ser valorizados, ter direitos, estabilidade e salários
dignos.
O Estado, ao longo dos anos, por opções dos sucessivos Governos, demitiu-se da responsabilidade direta,
delegando essa competência ao setor social, através de contratos de cooperação. Todavia, as vagas
protocoladas são manifestamente insuficientes face às necessidades, sendo necessário aumentar as vagas em
lares que estão protocoladas entre a segurança social e as IPSS.
Sr.ª Ministra, Srs. Deputados, deseja-se que os impactos da pandemia que enfrentamos contribuam para
que se acabe com o desinvestimento nos serviços públicos, que os esforços que estão a ser exigidos hoje
signifiquem um reforço permanente tão necessário. Que esta situação sirva, de uma vez por todas, para que se
aposte na criação de uma rede de lares públicos que responda às necessidades e se garanta a todos os idosos,
que o queiram, um lugar num equipamento com respostas de qualidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para a última intervenção neste ponto antes da intervenção do Governo, o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, a quem, por lapso, a Mesa não atribuiu
tempo na primeira ronda, pelo que haverá agora alguma dilação de tempo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, que folgo em ver recuperada, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: Em março, a Iniciativa Liberal alertou para a situação de risco
existente nos lares. Em agosto, com a situação do lar de Reguengos, todo o País se sobressaltou com o
problema. Em setembro, perante a inércia do Governo, propusemos medidas e questionámos também o que se
passava na situação do lar ilegal de Évora.
Não foi por falta de aviso nem de propostas de vários partidos, não só da Iniciativa Liberal, que o Governo
não controlou a situação dos lares. Mas o que é facto é que não controlou. Há pouco mais de um mês, um terço
das mortes por COVID-19, em Portugal — foi-nos dito —, ocorreu em lares de idosos.
Ou seja, o Governo falhou. É urgente, por isso, fazer o que estamos a pedir há meses: planear já a realização
de testes rápidos em massa nos lares, a utentes, a funcionários e, à medida que o confinamento for sendo
levantado, também a familiares e visitas.
É também muito importante que o Governo não falhe na vacinação nesses lares, nem permita maus
exemplos, como o que já aconteceu quando o socialista que é Presidente da Câmara de Reguengos de
Monsaraz foi vacinado, sem pertencer a qualquer grupo prioritário. Embora membro de um órgão social daquele
lar, o autarca não deveria ter sido vacinado, como admitiu, aliás, o próprio coordenador do Plano de Vacinação.
A Sr.ª Ministra disse que o Governo iria definir mecanismos de controlo destas e de outras situações em que
está a haver vacinação de pessoas que não têm contacto direto com os utentes dos lares. Esperamos que sejam
anunciadas com brevidade. E esperamos, sobretudo, que saiam do papel mais depressa do que as famosas
brigadas distritais de intervenção rápida, que nunca chegaram a cobrir o território nacional de forma idêntica.
Os que enchem a boca com o slogan «não deixar ninguém para trás» fariam bem em começar por não deixar
para trás os idosos, que são os mais vulneráveis dos mais vulneráveis.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para encerrar este debate, tem a palavra, em nome do Governo, a Sr.ª Secretária de Estado da Ação Social, Rita Mendes.
A Sr.ª Secretária de Estado da Ação Social (Rita da Cunha Mendes): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Cumprimento a todos e agradeço a
realização desta sessão em que pudemos manifestar a nossa preocupação em relação a uma franja da
população extremamente vulnerável em razão da sua idade e que se encontra acolhida em estruturas
residenciais para idosos. E não se encontra acolhida nestas estruturas por, digamos, comodismo das suas
famílias, mas, sim, por necessidade absoluta desta resposta social. Não sendo a única resposta social para
pessoas idosas, ela é, contudo, muitas vezes, ou a maior parte das vezes, e para aqueles que neste momento
lá se encontram, a adequada e a única que pode responder à necessidade de apoio social e dos cuidados de
enfermagem de que necessitam.