30 DE JANEIRO DE 2021
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O Sr. André Ventura (CH): — É melhor não entrar por aí!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — A minha ignorância está em que eu também
pensava que o Estado nacional não era uma entidade produtiva nesses termos, mas, se há Srs. Deputados que
entendem que o Estado nacional é como se fosse uma empresa ou um especulador financeiro, ao passo que a
União Europeia, essa sim, é uma entidade soberana que não produz, por si própria, riqueza, a minha ignorância
faz-me terminar aqui as observações.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real pede transparência e eu queria dizer que o Governo não só a
acompanha como já tomou medidas para que a execução do Plano de Resiliência e Recuperação nacional
obedeça, também, a um poderoso mecanismo anticorrupção e a mecanismos de transparência na realização
das coisas.
O que temos sempre de ter presente é que a luta contra a corrupção e a luta pela transparência não podem
ser o ecrã para esconder a vontade de não permitir que os fundos sejam aplicados, que os programas sejam
realizados e que os investimentos sejam feitos.
Aplausos do PS.
Mas, como sei que o PAN acompanha o Governo nessa preocupação, queria dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que
estamos 100% de acordo com o que disse.
Ao Sr. Deputado João Almeida, que pede que haja clareza e rigor, respondo: a clareza é absoluta e o rigor
é total. Não se trata de cada Estado-Membro escrever o que quiser numa folha de papel, entregá-la à Comissão
Europeia e dizer «quero o dinheiro».
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Às vezes, parece!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Não! Trata-se de os Estados nacionais estarem
envolvidos, em primeiro lugar, numa agenda estratégica comum, que define com clareza as prioridades, entre
as quais a da transição digital e a da transição climática, e de, nos seus processos de elaboração dos planos
nacionais, respeitarem critérios europeus.
Nenhum plano nacional de recuperação e resiliência pode afetar menos de 37% dos seus fundos a despesas
relacionadas com a ação climática; nenhum Estado-Membro pode afetar uma percentagem inferior a 20% dos
fundos a despesas relacionadas com a transição digital; os planos nacionais devem responder às
recomendações específicas por país; etc.
Por isso é que, depois, é preciso esse exercício de trabalho com a Comissão e, também, essa validação pelo
Conselho. Como Presidência do Conselho, Portugal assegurará que este processo de escrutínio, preparação e
trabalho seja realizado em tempo útil.
A Sr.ª Deputada Fabíola Cardoso tem receio de que as taxas, a serem implementadas a partir de 2026, não
sirvam para financiar o pagamento da dívida, mas a resposta é muito simples: esta emissão conjunta de dívida
tem uma moratória, ou seja, não começaremos a pagar no próximo quadro financeiro plurianual, que vai até
2027, mas no quadro financeiro seguinte, a partir de 2027. Por isso, o consenso a que se chegou é exequível,
visto que, até ao início do processo de pagamento do serviço de dívida, teremos os novos recursos próprios
aprovados.
Desse ponto de vista, o trabalho do Parlamento Europeu foi muito importante, porque foi ele que exigiu que
esta calendarização fosse precisa e que este roteiro fosse claro.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Não se trata, apenas, de criar novos recursos
próprios através de novas taxas. Trata-se, também, como, aliás, o Sr. Deputado Duarte Marques referiu, de