I SÉRIE — NÚMERO 43
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, em nome do CDS-
PP, o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A primeira coisa que se me oferece
dizer sobre esta matéria é que é importante falar daquilo que está aqui em causa e não de outras coisas. E
aquilo que está aqui em causa, de facto, é a necessidade de suspendermos prazos judiciais e de encontrarmos
regras para tal, perante uma necessidade de confinamento geral, que eu penso que é óbvia e é aceite, ou pelo
menos é aceite generalizadamente, pelos partidos que ou votaram a favor ou que, pelo menos, não se
abstiveram nas última votações destes estados de emergência.
Tal parece-nos incontornável, mas misturar isso com uma discussão sobre a CPAS, ou sobre outra coisa
qualquer, ou até, Sr. Secretário de Estado, permita-me que lhe diga, sobre o que fizeram e o que compraram e
não sei o quê… O que é que me interessa a mim o que é que fizeram e o que é que compraram? Estamos a
falar de suspender os prazos!
Já tenho dito várias vezes que convém evitar sempre a tentação de «fizemos isto, fizemos aquilo» e de
alguma propaganda quando a medida é óbvia e é necessária.
De resto, quanto a esta medida, o que convém dizer é que ela, como muitas outras coisas, só demonstra a
completa impreparação do Governo para responder aos problemas e a sua total incapacidade de antever.
Aconteceu na educação, em que, primeiro, não se podiam encerrar as escolas, depois já se podiam encerrar;
não podia haver aulas à distância, finalmente tem de haver aulas à distância. E aconteceu também em relação
aos tribunais. Isto porque o Primeiro-Ministro anuncia, mas o anúncio do Primeiro-Ministro, em si mesmo, não
leva à suspensão de prazo nenhum, como é evidente; é preciso um diploma. E o diploma aparece aqui uma
semana ou mais de uma semana depois, com, obviamente, toda a confusão que se instalou entre juízes a adiar,
outros a não adiar, os advogados a não saber o que haviam de fazer, etc.
Que estas medidas são necessárias parece-me indiscutível. Ouvimos todos, ontem, aqui, o que foi dito no
debate e ouvimos, à noite, o Sr. Presidente da República dizer que há que ficar em casa, que agora não há outra
hipótese.
De facto, é necessário garantir, com grande clareza, a segurança de quem tem de realizar o que é urgente,
delimitar o mapa do que é urgente e garantir que o essencial continue a funcionar, mas, obviamente, cumprindo
as regras de proteção, a que não só os tribunais mas todos os cidadãos estão obrigados, tirando aquilo que é
estrito, como o Parlamento, os tribunais nos casos urgentes, etc.
Perante isto, a única coisa que há a dizer é que, na altura em que o Primeiro-Ministro fez o anúncio, o diploma
tinha de estar preparado, nem que fosse para não ser usado, para aquele momento e para aquela hora, como
é evidente. A isso é que se chama governar e a isso é que se chama prever. Ter aparecido uma semana depois
gerou imensa confusão.
Ora, é por isso que nós, compreendendo as reservas e tentando evitar que se estabeleça uma confusão…
Eu também digo que é preciso salvaguardar as decisões que foram tomadas até agora, ou seja, daqueles que,
procurando corresponder ao anúncio do Primeiro-Ministro, começaram a suspender. Não pode haver prejuízo
por isso, mas também tem de haver a salvaguarda dos atos e dos prazos que, entretanto, decorreram e que têm
de ser salvaguardados no meio disto tudo.
A lei tem, pois, de retroagir a dia 21 ou 22 de janeiro, quando foi feita a declaração, porque, entretanto, se
permitiu um prazo em que alguma confusão se instalou. Esta é a nossa posição sobre a matéria. É isto, de resto,
que nós propomos nas propostas de alteração que apresentamos.
No fundo, basicamente, é isto que defendemos, reconhecendo a necessidade deste diploma, que chegou
tarde em relação ao anúncio.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A encerrar este ponto da nossa ordem de trabalhos, tem a palavra
o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Mário Morgado.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Justiça: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ouvi com a
maior atenção as intervenções de todas as Sr.as Deputadas e de todos os Srs. Deputados.