I SÉRIE — NÚMERO 43
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Srs. Deputados, passo a ler o Projeto de Voto n.º 444/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por
Deputados do PS, do PSD, do BE, do PAN, do PEV, do CH e do IL e pelas Deputadas não inscritas Joacine
Katar Moreira e Cristina Rodrigues) — De pesar pelas vítimas do Holocausto e em evocação do Dia Internacional
em Memória das Vítimas do Holocausto:
«A 27 de janeiro, assinalando a libertação, em 1945, do campo de concentração e de extermínio de
Auschwitz-Birkenau pelo Exército Vermelho, a comunidade global assinala o Dia Internacional em Memória das
Vítimas do Holocausto, cumprindo uma missão fundamental da vida comum da humanidade.
Em primeiro lugar, há que recordar a memória das vidas interrompidas ou desfeitas pela barbárie, as vítimas
do ódio racial, da intolerância perante quem é diferente e da discriminação negadora da dignidade humana. Não
sendo possível desfazer o mal perpetrado contra milhões de nossos semelhantes, recordemos e
homenageemos a sua passagem pelo mundo, fazendo-lhes a escassa justiça que é possível, perpetuando os
seus nomes, as suas tradições, a sua luta e coragem ao enfrentarem o impensável.
Em segundo lugar, importa valorizar a memória do Holocausto, perceber as suas causas históricas, os
mecanismos de propagação de mentira e distorção que desumanizaram o outro, e recordar como, há pouco
mais de 80 anos, o ódio e a intolerância conseguiram tomar o poder e assumir uma monstruosa empresa de
destruição de vidas e comunidades, tentando erradicar a vida judaica da Europa, eliminar populações ciganas,
erradicar homossexuais ou opositores políticos, reconhecendo igualmente a pós-memória do evento nos seus
descendentes, pois a violência é, também ela, transmitida assim, como assinalou Marianne Hirsch.
Em terceiro lugar, assinalar o dia 27 de janeiro na Assembleia da República, o órgão representativo de todos
os cidadãos portugueses, é também reafirmar o compromisso de todas as instituições públicas para com esta
missão de educação e de transmissão de factos e valores às novas gerações, a quem cumprirá manter acesa
a chama da memória e o legado de defesa intransigente da dignidade humana.
Finalmente, num momento em que os extremismos assentes no ódio, motivado pela diferença de origem ou
ascendência, procuram regressar ao espaço público e contaminar a sã convivência entre cidadãos, as
democracias livres e assentes na valorização dos seres humanos como fins em si mesmos, únicos, irrepetíveis
e merecedores de igual proteção na sua dignidade, não podem prescindir de recordar o Holocausto, voltando a
repetir as palavras essenciais que têm de continuar a ecoar pela eternidade: nunca mais!
Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, presta homenagem a todas as vítimas do
Holocausto e reafirma o seu compromisso de defesa da memória e de promoção da educação das gerações
mais jovens na observância dos valores fundamentais, da liberdade, da igualdade e da dignidade humana.»
Aplausos do PS, do PSD, do BE, do PCP, do CDS-PP, do PAN, do PEV, do IL e das Deputadas não inscritas
Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira.
Informo que se encontram presentes, na Galeria III, o Dr. José Oulman Carp, Presidente da Comunidade
Israelita de Lisboa, Ruben Suiza, rabino da Comunidade Israelita de Lisboa, e o embaixador Luíz Barreiros,
chefe da delegação portuguesa junto da Internacional Holocaust Remembrance Alliance.
Srs. Deputados, vamos, pois, votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Srs. Deputados, na sequência das votações a que acabámos de proceder, vamos guardar 1 minuto de
silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Passo a ler o Projeto de Voto n.º 445/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PS, do
PSD, do CH, do IL e pelas Deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues) — De saudação
ao legado das Cortes Constituintes de 1821 no seu bicentenário:
«No passado dia 26 de janeiro, cumpriu-se 200 anos da Sessão Inaugural das Cortes Gerais Extraordinárias
e Constituintes da Nação Portuguesa, na sequência das Eleições Gerais concluídas em dezembro de 1820, que