I SÉRIE — NÚMERO 48
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Em segundo lugar, quero dizer-lhe que o Orçamento do Estado tem instrumentos muito importantes de apoio
e de incentivo às nossas empresas, quer na lógica do investimento no estrangeiro, quer na lógica da atração do
investimento estrangeiro para Portugal, que também beneficia as nossas empresas, quer, sobretudo, na lógica
do apoio às exportações. Por isso subimos os valores relativos ao fundo de internacionalização, por isso subimos
os valores relativos aos seguros de crédito e por isso lançámos novas linhas de garantia, tão importantes nos
países em que há um certo risco político e em que as nossas empresas têm uma presença muito significativa.
Finalmente, em relação à questão que colocou sobre as comunidades portuguesas, questão essa que a Sr.ª
Deputada Catarina Rocha Ferreira já tinha colocado, quero dizer-lhe que, evidentemente, acompanhamos muito
atentamente a evolução da situação das nossas comunidades e interviremos, se necessário, nos países em que
seja necessário, como interviemos quando foi necessário organizar voos humanitários, como interviemos
quando foi necessário criar apoios específicos adicionais para as associações, como interviemos quando foi
necessário incrementar os apoios sociais.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Passamos, agora, ao Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, dando a palavra ao
Sr. Deputado Pedro Filipe Sares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro, Sr.as e
Srs. Deputados: O Sr. Ministro anunciou hoje algo que decorreu de uma conversa que tivemos em Comissão e
que tem a ver com a disponibilidade de Portugal garantir uma parte das vacinas a que tenha direito aos seus
parceiros da CPLP.
Registando este facto, não podemos deixar de notar que, à escala europeia, Portugal podia e devia fazer
muito mais, porque, enquanto estamos a discutir o passaporte de vacinação, não há dúvida que esse debate
está instalado para que se crie uma enorme cortina de fumo sobre o falhanço que está a ser o acesso às vacinas
por parte da União Europeia, em particular a forma como, irresponsavelmente, está a ser gerido todo este
processo à escala mundial.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a ONU (Organização das Nações Unidas) já disseram que estas
vacinas devem ser um bem comum. Ora, nós já temos vacinas, mas as vidas continuam em suspenso.
A OMS criou há um ano uma plataforma para que se pudesse partilhar informação sobre os avanços
científicos das vacinas; no entanto, nenhuma farmacêutica usou essa plataforma para partilhar informação.
Muita da investigação que foi feita para chegar a essas vacinas foi paga com dinheiro público, com muitas
centenas de milhões de euros, em alguns casos até milhares de milhões de euros; no entanto, apesar de elas
terem sido pagas com dinheiro público, são propriedade privada.
Então, a pergunta que devemos fazer é se estamos condenados a que continuem propriedade privada ou se
algum bem maior podia ser colocado em cima da mesa.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) diz que, em caso de pandemia, os direitos de propriedade
intelectual podem ser suprimidos ou suspensos. Desse ponto de vista, a pergunta que lhe faço muito diretamente
é esta: Portugal quer ser liderante na Europa e no mundo ao defender o que é óbvio, ou seja, que a vacina não
seja suspensa, que a produção não seja atrasada e que as nossas vidas tenham uma luz ao fundo do túnel à
escala mundial, rapidamente? Portugal quer levar por diante a luta que garante o fim das patentes das vacinas
e que elas sejam, finalmente, o que devem ser, ou seja, um bem comum de toda a Humanidade?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares, muito obrigado pelas questões.
Para usar a sua expressão, que em nada me repugna, Portugal está envolvido em três lutas complementares:
em primeiro lugar, está envolvido na sua própria luta para apoiar os nossos países-parceiros mais próximos, em