4 DE MARÇO DE 2021
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Portanto, reitero que pode a Sr.ª Deputada, bem como todo o Parlamento, contar com o máximo empenho
da Presidência portuguesa do Conselho, não é em somar estratégias àquelas que existem, é em aplicar no
terreno as estratégias que existem, em fazer os nossos atos coincidir com as nossas palavras.
Em relação ao primeiro ponto, Sr.ª Deputada, perdoe-me mas não pode dizer que a minha referência às
dificuldades de produção das vacinas significa contestar que houvesse dificuldades no processo de aplicação
das vacinas. O que significa, sim, é que devemos intervir no momento da cadeia de valor que nos permite mais
rapidamente responder à carência que hoje temos. E a carência que hoje temos não é aquela protegida pela
propriedade intelectual, porque as vacinas existem, o esforço de investigação foi feito, a patenteação
indispensável foi aprovada, mas, sim, uma carência na produção e distribuição massiva das vacinas.
Quanto ao instrumento de recuperação e resiliência, ele está aprovado e é, a todos os títulos, um dos
principais sucessos da Presidência portuguesa do Conselho, até agora. Sr.ª Deputada, uma das condições
essenciais para não nos pensarmos como um país periférico é não termos vergonha de assumir os sucessos
que temos e, portanto, a rapidez da aprovação e da entrada em vigor do instrumento de recuperação e resiliência
é um grande sucesso da Presidência portuguesa do Conselho, até agora.
Aplausos do PS.
Isso permite que, ao longo deste mês e do próximo, os Estados possam apresentar os seus planos nacionais,
e Portugal conta apresentar o seu plano nacional o mais brevemente possível. Acabámos agora uma consulta
pública, temos de analisar os contributos, estamos já a trabalhar com a Comissão Europeia e, por isso mesmo,
esperamos que, ao longo deste semestre, o primeiro pré-financiamento — que pode ir até 13% do valor relativo
aos 60% iniciais do plano — possa estar já disponível na economia portuguesa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — O Sr. Ministro esgotou o tempo disponível para responder mas ainda há uma questão
a ser colocada, com todo o direito, aliás, pelo Sr. Deputado Nelson Peralta, à qual o Sr. Ministro fará o favor de
tentar responder noutra ocasião.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, o Sr. Ministro responderá, obviamente, quando puder.
É objetivo deste Governo que a lei europeia do clima seja finalizada durante a Presidência portuguesa, mas
há sinais muito preocupantes de que o Governo está a meter marcha-atrás na ambição.
Vejamos: o Parlamento Europeu votou e aprovou, por maioria, uma meta de redução de emissões de gases
de estufa, até 2030, de 60%, mas, passada uma semana desta votação, o Sr. Primeiro Ministro, António Costa,
assinou uma declaração a dizer que a meta deveria ser só de 55%.
A primeira pergunta que colocamos é, portanto, a seguinte: o Governo vai liderar estas negociações com o
Parlamento Europeu e defender a meta maioritária de 60%, votada, aliás, pelos Eurodeputados do Partido
Socialista, ou vai, por outro lado, fazer marcha-atrás e defender a meta de 55%, defendida apenas por uma
minoria e pelos partidos à direita nesta Câmara?
Essa é, obviamente, a primeira pergunta, mas temos mais. Queremos também saber se as metas terão em
conta a redução efetiva ou se terão uma borla aos mecanismos financeiros e aos mecanismos de compensação.
Gostaríamos ainda de saber se a lei europeia do clima terá, ou não, um orçamento de carbono que irá impedir
que a temperatura aumente além de 1,5 ºC.
Para concluir, devemos dizer que o Governo tem nas mãos o futuro da lei europeia do clima e, portanto,
esperamos que tenha a ambição necessária para fazer uma lei que não seja uma mera decoração. Aquilo que
exigimos ao Governo é, obviamente, que não faça marcha-atrás, que tenha toda a ambição climática e que, no
final do processo, possa ter uma lei europeia do clima que responda ao planeta e à sociedade.
Aplausos do BE.