I SÉRIE — NÚMERO 48
18
Dizia o INE (Instituto Nacional de Estatística), há poucos dias, que o stock de investimento estrangeiro em
Portugal em 2020 aumentou 1,6%. Esse dado deve ser tido em conta, não para nos ufanarmos dele, não para
nos sentarmos à sombra da bananeira, mas, sim, porque isso significa uma responsabilidade adicional nossa
do que podemos fazer, do que temos de fazer, porque temos condições para o fazer. E se, como Torga dizia,
«se faço o que posso, faço o que devo», essa expressão também tem de ser vista do outro lado: se posso mais,
devo fazer mais, e é desse dever que quero aqui falar, neste debate com o Parlamento português. Portanto,
valorizamos o nosso esforço.
O Sr. Deputado falou dos ventiladores, e bem, sim senhor. Está aqui presente um dos principais responsáveis
por uma das operações mais importantes que o País fez e que permitiu adquirir centenas de ventiladores, que,
por sua vez, permitiram que a nossa capacidade em cuidados intensivos se tenha multiplicado por quatro ou por
cinco, no auge da pandemia em janeiro — sem esse processo de aquisição não teríamos tido essa capacidade
—, com o esforço de todos, naturalmente.
Há problemas no abastecimento de vacinas? Há! Mas é preciso delimitar com clareza esses problemas.
Temos problemas com a Pfizer? Não, já tivemos e eles puderam ser corrigidos. Com a Moderna? Não, não
temos. Temos com uma empresa, com a qual trabalhamos para que eles possam ser superados. Por isso
mesmo é que a nossa meta nacional continua a mesma: até ao fim deste verão, esperamos ter 70% da
população adulta portuguesa vacinada e esperamos cumprir essa nossa meta.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra, para formular pedidos de esclarecimento, o Sr. Deputado
Telmo Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, tanto quanto sei, a Astra era uma empresa
sueca e a Zeneca era uma empresa britânica. Portanto, estamos a falar de economia privada.
Protestos do Ministrode Estado e dos Negócios Estrangeiros.
De resto, a Pfizer e a Moderna também o eram… E Portugal não adquiriu nenhum produto maravilhoso de
nenhum país de socialismo real, tanto quanto sei, nem sequer a vacina chinesa… Portanto, essa questão fica
clara.
Sr. Ministro, mudando um pouco de assunto, gostaria de dizer-lhe o seguinte: relativamente a Moçambique
e a Cabo Delgado, o CDS apresentou um projeto de resolução, que o Parlamento aprovou. E V. Ex.ª esteve
envolvido nesse processo. Pergunto-lhe qual é o ponto de situação que faz, qual é a situação atual, qual é a
intervenção da União Europeia e quais as perspetivas nessa matéria, designadamente também do ponto de
vista humanitário — percebemos que a questão de defesa depende também, obviamente, do Estado
moçambicano.
Outra questão, Sr. Ministro, diz respeito à Venezuela. O Sr. Ministro falou aqui — é relevante que o tenha
feito, e sabemos que se trata de uma questão importante — na existência de vários embaixadores portugueses
com funções importantes no plano internacional que são motivo de orgulho para todos, como é evidente.
Precisamente na Venezuela, a embaixadora da União Europeia, por sinal portuguesa, a embaixadora Isabel
Brilhante Pedrosa, acaba de ser expulsa, numa sanção do regime venezuelano. O problema da Venezuela não
é, ao contrário do que foi dito, a Administração norte-americana, seja ela qual for. O problema da Venezuela é
o regime venezuelano e aquilo que este regime está a impor ao seu próprio povo e, por consequência, aos
portugueses que estão na Venezuela.
Pergunto, Sr. Ministro: qual é a situação em termos de apoio a esses portugueses? Qual é a situação em
termos de apoio consular, da capacidade de chegar ao terreno, neste quadro de pandemia? Com Portugal na
Presidência da União Europeia, qual é o quadro das relações União Europeia-Venezuela, depois da expulsão
da embaixadora, por sinal uma portuguesa?
Já agora, quero fazer-lhe uma outra pergunta que me ocorreu e que me parece interessante, que tem a ver
com o seguinte: o Sr. Ministro disse — e o Governo português tem-no dito — que, no quadro da cooperação,
vamos dispensar vacinas, designadamente para os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Nada