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4 DE MARÇO DE 2021

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a opor, Sr. Ministro, estou de acordo com esse princípio. Mas isso suscita-me esta dúvida: e quanto aos

portugueses residentes em países como, por exemplo, a Venezuela? Haverá também alguma maneira de lhes

fazermos chegar as vacinas? É que se é importante ajudarmos os nossos países-irmãos, também me parece

da maior importância ajudarmos os portugueses que estejam, às centenas de milhares, como o Sr. Ministro

referiu, em países onde será muito difícil fazer chegar as vacinas.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Uma última questão — telegráfica, Sr. Presidente — diz respeito aos

espoliados portugueses das nossas antigas colónias. Temos perguntado várias vezes ao Governo se há alguma

novidade, se há algum ponto da situação, se nos pode dizer alguma coisa sobre isto.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia,

em relação a Moçambique, o Serviço Europeu para a Ação Externa está a trabalhar com a Comissão para fazer

o chamado «documento político de abordagem de crise», que é essencial para que a missão de treino possa

fazer-se. Entretanto, incrementámos a ação humanitária e o apoio ao desenvolvimento, designadamente com o

projeto Emprego +, que é gerido pela própria cooperação portuguesa.

Em relação à Venezuela, as questões são claras. Há uma regra básica nas relações internacionais, que é a

regra da reciprocidade, pelo que, se a embaixadora europeia na Venezuela foi declarada persona non grata, a

embaixadora venezuelana junto da União Europeia foi igualmente declarada persona non grata.

O apoio aos portugueses que vivem na Venezuela existe desde o primeiro dia do meu mandato e, antes, os

meus antecessores já tinham a mesma preocupação. E isso também explica a delicadeza e a complexidade do

posicionamento português em relação a essa situação. Sempre tenho dito, porque é a verdade mais pura, que

o critério fundamental para qualquer decisão que tenha de tomar relativamente à Venezuela reside nesta

primeira pergunta, que sempre faço: essa decisão ajuda ou prejudica a situação dos portugueses que vivem na

Venezuela? E todos os meus colegas compreendem que essa seja a primeira pergunta que eu faça.

Finalmente, em relação ao programa de vacinação, devo dizer que os programas de vacinas funcionam pelo

critério da residência, isto é, os residentes em Portugal têm direito à vacina, sejam eles portugueses ou

estrangeiros. Nos países europeus, nos países do hemisfério norte, é esse o critério que vigora e, em muitos

países do hemisfério sul, é também esse o critério que vigora. Quando esse critério não vigorar, a função

supletiva do Estado — e mesmo um conservador aceita-a como essencial — será ativada.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN.

O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Ministro Augusto Santos Silva, sobre o certificado de

vacinação, que se discute na União Europeia, ninguém tem dúvidas de que tem de haver um esforço europeu

para garantir a existência de um mecanismo de circulação que assegure entradas e saídas seguras.

Mas também ninguém duvida de que o certificado de vacinação não é a solução mágica que o garante, até

porque não há ainda dados científicos suficientemente objetivos que permitam definir os critérios de segurança,

especialmente num cenário de grande volatilidade das curvas e de novas estirpes com maiores índices de

transmissibilidade. Além disso, num contexto de escassez de vacinas, a imposição deste certificado traria a

marginalização dos grupos de pessoas ainda não vacinadas, ainda não imunizadas.

Por isso, Sr. Ministro, questiono-o sobre se este certificado de vacinação vai ser o único mecanismo de que

Portugal se valerá para o controlo de entradas sanitariamente seguras, ou se coexistirá com outros,

nomeadamente a testagem de quem entre e saia do País, acompanhada de regras de quarentena, sempre que

se justifiquem como necessárias.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.