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4 DE MARÇO DE 2021

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Vou procurar concluir as perguntas, para não correr o risco de acontecer o que aconteceu anteriormente,

ficando o Sr. Ministro sem tempo para responder.

Quanto ao acordo de investimento entre a União Europeia e a China, essa questão já foi abordada e a

pergunta que lhe queria colocar, Sr. Ministro, é, muito simplesmente, a seguinte: qual é, verdadeiramente, o

ponto de situação quanto a este acordo? Está ou não em avaliação, ou está já num outro ponto mais avançado

relativamente à sua concretização e à consideração dos aspetos globais que têm sido identificados em relação

a este acordo?

Para terminar, Sr. Ministro, queria colocar-lhe uma questão do ponto de vista da política externa. Poderia ter

outros desenvolvimentos, mas, por questões de tempo, vou limitar-me a colocar as perguntas de uma forma

muito simples. Trata-se do seguinte: terminou, há pouco tempo, a Administração Trump, nos Estados Unidos, e

foram acalentadas esperanças de mudança na política externa por parte da nova administração norte-

americana, encabeçada pelo Presidente Biden. Gostávamos de saber qual é a posição do Governo português

relativamente a essas esperanças acalentadas quanto a medidas tomadas pela anterior Administração Trump,

cujos impactos têm sido profundamente negativos por todo o globo.

Dava apenas os seguintes três exemplos disso mesmo, os quais nos parecem ser muito evidentes: as

decisões relativamente ao bloqueio económico e financeiro à Venezuela, com todos os impactos negativos que

tem tido sobre o povo venezuelano, incluindo sobre a comunidade portuguesa ali residente; a mesma coisa

relativamente a Cuba, com todos os impactos das decisões do bloqueio, depois de decisões em sentido oposto

que tinham sido tomadas anteriormente, por outras administrações norte-americanas, que tinham permitido

alguma reaproximação entre os dois Estados mas que acabaram por inverter esse percurso, com consequências

negativas, como não é difícil de reconhecer; e, também, as tomadas de posição em sentido contrário às

resoluções da ONU, por exemplo, relativamente ao Sáara ocidental.

Gostava de saber, Sr. Ministro, qual é a posição do Governo português relativamente a estas esperanças

que têm sido acalentadas em torno da nova administração dos Estados Unidos e, ainda, que medidas é que o

Governo português pondera tomar para que muitas destas decisões da Administração Trump possam ser

revertidas.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, agradeço muito as quatro

questões colocadas pelo Sr. Deputado João Oliveira.

Começando pelo fim, direi que não concordamos com várias decisões que os Estados Unidos tomam no

âmbito da sua política externa. Não concordávamos com decisões tomadas pela Administração Clinton, não

concordamos com decisões tomadas pela Administração Bush, não concordamos com decisões tomadas pela

Administração Obama e não concordamos com inúmeras — ia dizer milhentas! —decisões tomadas pela

Administração Trump.

Não concordamos com o bloqueio económico a Cuba. Aliás, a União Europeia não tem um regime de sanções

que se dirija à economia ou a conjuntos de população. Os regimes de sanções que temos dirigem-se apenas a

pessoas, singulares ou coletivas, individualizadas. Portanto, não concordamos com os regimes de sanções dos

Estados Unidos à Venezuela ou a Cuba e muito menos concordamos com a chamada «extraterritorialidade das

sanções» que os americanos reclamam para si. Os americanos sabem disto e vamos ver se a Administração

Biden tem aí alguma alteração de fundo.

O que sei é que já a anterior Administração, a Administração Trump tinha proposto internacionalmente um

processo de levantamento seletivo das sanções à Venezuela condicionado a passos no processo conducente a

eleições livres e justas, e o Governo venezuelano recusou essa proposta.

Quanto às medidas tomadas pelo Governo português, para além da posição genérica que aqui exprimi, posso

dizer que, na primeira reunião telefónica que tive com o novo Secretário de Estado norte-americano, uma das

decisões que conjuntamente tomámos foi a de manter um canal de contacto específico entre os dois países a

propósito da situação na Venezuela.