4 DE MARÇO DE 2021
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termos de cooperação internacional, na resposta à pandemia e agora também na aceleração dos respetivos
planos de vacinação. Portanto, já o dissemos, já me referi a isso, e, julgo, essa nossa ação é clara.
Em segundo lugar, está envolvido numa luta à escala global, que tem uma expressão específica no chamado
Mecanismo COVAX, que é a luta de tornar acessível a todos as vacinas que se vão descobrindo e autorizando,
promovendo a vacinação universal.
Portugal esteve na linha da frente da iniciativa da União Europeia de que resultou o Mecanismo COVAX, já
contribuiu na ordem dos vários milhões de euros para esse mecanismo e procura que aumente a capacidade
de produção na Europa e fora da Europa para que o dinheiro angariado no âmbito desse mecanismo cumpra a
função para a qual foi angariado, que é comprar vacinas e torná-las disponíveis para todos.
Hoje, não é tanto um problema de propriedade intelectual que se coloca, é um problema de capacidade de
produção que esteja à altura da dimensão da procura e esta é uma segunda luta na qual estamos envolvidos e
continuaremos a envolver-nos.
Há, depois, uma terceira luta no âmbito da União Europeia. Devo, aliás, dizer ao Sr. Deputado, porque não
cometo nenhuma inconfidência, que foi por pressão muito forte de Portugal, enquanto Estado-Membro da União
Europeia, que um primeiro documento para a criação do mecanismo europeu de partilha de vacinas, que definia
como destinos essenciais dessa partilha a vizinhança sul e a vizinhança leste da União Europeia, fosse corrigido
de forma a incluir toda a África e os países de baixo e médio rendimento na América Latina.
Portanto, estamos envolvidos nas lutas e continuaremos envolvidos até que essas lutas tenham o sucesso
de que a Humanidade precisa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Fabíola Cardoso, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, cumprimento todas as pessoas que, com
o seu trabalho, contribuem para este debate com o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e
cumprimento, igualmente, o Sr. Ministro e a sua equipa.
O que nos disse aqui o Sr. Ministro foi que não havia problemas com as vacinas, porque é, simplesmente,
apenas uma questão de produção.
Partilhar conhecimento e partilhar tecnologia aumenta a capacidade de produção, territorializa a capacidade
de produção e aumenta a capacidade de vacinação, nomeadamente nos países subdesenvolvidos, mas também
no nosso próprio País, o que seria essencial para resolver este problema gravíssimo.
Exatamente um ano após uma crise global são muitas mais as dúvidas do que as certezas relativamente ao
mecanismo de recuperação e resiliência.
Depois de tantas promessas, sabemos que a primeira tranche destes fundos só chegará no próximo verão.
Há outros países que aprovaram e implementaram pacotes de estímulos orçamentais, encontrando-se
presentemente a debater já o seu reforço em montantes muito superiores ao da própria União Europeia.
Mas não é só o atraso daquela que há alguns meses era a chamada bazuca, que denota, uma vez mais, a
insuficiência da resposta europeia à crise; é também a própria natureza do financiamento de que estamos a
falar, bem como o compromisso da União com os estímulos orçamentais.
Na última crise também os defendeu, mas na hora H recuou. Felizmente, hoje, Bruxelas assumiu, e bem,
que as normas orçamentais não serão aplicadas até 2020…
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — 2022!
A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — Sim, 2022, certo, Sr. Ministro, muito obrigada.
Só abandonando essa lógica e essas regras é que poderemos vislumbrar uma diminuição das divergências
entre os países do Norte e os países periféricos como Portugal, caso contrário serão os mesmos de sempre a
pagar a crise, em detrimento dos serviços públicos, do salário e do emprego.