4 DE MARÇO DE 2021
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nesse grupo de países o nome de Portugal. Portugal não pertence a esse grupo de países. Portugal não tem
uma política em relação à China nas costas da política da União Europeia ou diferente da política da União
Europeia a que pertencemos.
Pergunta a Sr.ª Deputada se eu já coloquei questões relativas aos direitos humanos no contacto que tivesse
tido com o meu homólogo chinês, no âmbito da Presidência do Conselho da União Europeia. A minha resposta,
Sr.ª Deputada, é esta: ainda não tive qualquer contacto bilateral com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da
China, neste semestre em que ocupo a Presidência do Conselho da União Europeia. Isto por duas razões
cumulativas, ambas muito importantes: porque seria inconcebível para mim ter um contacto com o Ministro dos
Negócios Estrangeiros chinês antes de ter o contacto com o Secretário de Estado norte-americano, ou com o
Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, com quem estive hoje de manhã, ou, naturalmente, com todos os
meus colegas membros da União Europeia.
A segunda razão é que a política da União Europeia é assumida permanentemente pelo alto representante
para a política externa e eu coordeno todas as ações que realizo, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros
do país que ocupa a Presidência, com a agenda do alto representante.
Agora, não vamos mais longe. Há dois anos, estive na República Popular da China e pronunciei-me
publicamente, na República Popular da China, não aqui apenas, sobre o processo relativo aos direitos humanos
na China. Disse, lembrando, aliás, a revisão periódica universal do Conselho de Direitos Humanos sobre a
China, que havia a registar positivamente o avanço da China em matéria de direitos económicos e sociais,
designadamente no combate à pobreza, e havia a lamentar retrocessos evidentes nos direitos individuais e nas
liberdades cívicas.
É assim que nós devemos ter uma relação madura e adulta com um país que é nosso parceiro em várias
organizações multilaterais, que é nosso parceiro em agendas específicas, que é nosso competidor em várias
áreas do mundo, mas que, do ponto de vista institucional, não é nada menos do que nosso rival sistémico.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Ainda no tempo atribuído ao PSD nesta primeira ronda, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Catarina Rocha Ferreira, para formular perguntas.
A Sr.ª Catarina Rocha Ferreira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, uma pergunta:
como podemos resumir este último ano de pandemia? Uma resposta: falhanço.
Se 2020 demonstrou que uma pandemia pode surgir a uma escala global, demonstrou ainda que não se trata
de forças incontroláveis da natureza e que a ciência a pode controlar. E a pergunta lógica que me ocorre é:
então, porque é que correu tão mal, com tanto sofrimento, tantas mortes? A reposta é fundamentalmente uma:
devido a más decisões políticas.
Vejamos: no tempo da peste negra ou, mais recentemente, da gripe espanhola, não se conseguia identificar
o vírus mortífero. Mas a ciência evoluiu. Em dezembro soubemos desta pandemia; pouco depois, os cientistas
já tinham isolado o vírus e, em menos de um ano, tínhamos a vacina. A parte científica funcionou. Falhou o
decisor político, falhou em encontrar o equilíbrio entre as considerações médicas, económicas e sociais.
Aliás, todos conhecemos líderes mundiais que preferiram enveredar por teorias da conspiração em vez de
ouvirem os especialistas.
No Reino Unido, o governo esteve inicialmente bem mais ocupado com o Brexit do que com o vírus. Em
Portugal, os senhores permitiram entradas no território sem qualquer tipo de quarentena e facilitaram medidas
de confinamento em períodos cruciais.
Não obstante uns países terem agido melhor que outros, verificaram-se dificuldades ao nível da cooperação
internacional.
Se é certo que existem inúmeras instâncias de cooperação e generosidade, pergunto-lhe, Sr. Ministro: porque
é que não se registou qualquer iniciativa relevante por parte do Governo português no sentido de promover uma
cooperação internacional ao nível de recursos médicos e de profissionais de saúde da primeira linha, neste
combate?
Por fim, Sr. Ministro, há um assunto que nos falta abordar e que é da maior importância para os portugueses:
o passaporte de vacinação.