I SÉRIE — NÚMERO 48
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teletrabalho, com o acompanhamento aos filhos, mas também com o risco de desproteção social de muitos
beneficiários do subsídio de desemprego e do subsídio social de desemprego.
As propostas do PCP visam garantir o pagamento do salário a 100% a todos os trabalhadores, incluindo os
que estão em teletrabalho ou em situação de acompanhamento dos filhos, sem qualquer tipo de obstáculo ou
entrave. Neste momento, só têm o salário a 100% as famílias monoparentais ou os casos em que os pais se
podem revezar, semanalmente, para cuidar dos filhos. Há, no entanto, muitas famílias para quem essa
alternância não é possível, sendo negado a estas crianças o seu direito a serem acompanhadas pelos pais,
porque estes ficam sem um terço do salário para cuidar dos filhos ou porque se mantêm a trabalhar para receber
o salário por inteiro, não acompanhando os seus filhos.
Alargar o apoio dos pais para assistência a filho até aos 16 anos, relembramos, é um direito das crianças,
especialmente num momento em que as suas rotinas, as suas dinâmicas e as suas realidades estão
profundamente alteradas e são também, em muitas situações, geradoras de angústias, de ansiedades e de
dificuldades, que exigem o acompanhamento e a proximidade dos seus pais.
Deve-se assegurar, de forma inequívoca, a todos os trabalhadores, cujo subsídio de desemprego ou subsídio
social de desemprego tenha terminado em 2020, que tenham acesso ao apoio extraordinário.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Falamos em garantir os direitos das crianças, garantir o direito dos trabalhadores à articulação entre a vida
pessoal, familiar e profissional…
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, tem mesmo de terminar.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — … e garantir o reforço da proteção social dos trabalhadores em situação de
desemprego.
Aplausos do PCP e do PEV.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Por 2 minutos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados: O Governo não pode continuar a desenhar
medidas de apoio social com regras que excluem pessoas que precisam de aceder a esses apoios e depois
dizer que sobra dinheiro, como se o País não estivesse aflito.
Neste momento, há dezenas de milhares de trabalhadores com cortes salariais, dezenas de milhares de
trabalhadores independentes que não acedem ao apoio para ficar em casa com os seus filhos. O PS e o PSD
juntaram-se, na apreciação parlamentar, para impedir aquilo que o Bloco propôs, ou seja, que os trabalhadores
recebam o salário por inteiro, nos limites definidos quando ficam em casa com os filhos, e que os trabalhadores
independentes recebam, pelo menos, o salário mínimo nacional e tenham direito a este apoio também.
É isso que hoje avocamos: uma nova oportunidade para reconhecer a estes trabalhadores o salário por
inteiro e reconhecer também os direitos dos trabalhadores independentes.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ofélia Ramos, do Grupo Parlamentar do
PSD.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Da experiência acumulada, neste último
ano, ficou bem patente que teletrabalho e assistência a filhos não é conciliável. Quem está em teletrabalho não
consegue prestar a necessária assistência a filhos.