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I SÉRIE — NÚMERO 48

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O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.

Como dizia, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados disse que a Presidência portuguesa

seria a última oportunidade para se levar a cabo um plano a sério para o combate à imigração ilegal no

Mediterrâneo.

Houve mais de 100 000 travessias no último ano e meio milhão de pedidos de asilo — meio milhão! Não há

bloco que aguente este número de requerimentos…

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr. Deputado, tem de concluir.

O Sr. André Ventura (CH): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.

Não há bloco que aguente este número de requerimentos e este número de pedidos de asilo. Será ou não

com Portugal que vamos combater, finalmente, este fenómeno?

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios

Estrangeiros.

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado André Ventura,

queria chamar a atenção para o facto de aquilo que o Sr. Deputado disse há pouco não ser propriamente propor

que fossem deportados criminosos, mas sim que fosse utilizada a expulsão de estrangeiros como medida de

retaliação.

Aliás, devo dizer que a minha formação cristã convive mal com o facto de o Sr. Deputado invocar Deus ao

mesmo tempo que diz isto.

O Sr. André Ventura (CH): — Oh! Por amor de Deus!

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Deputado, não houve nenhum

bombardeamento norte-americano à Síria, houve uma intervenção militar americana sobre instalações de

milícias, num território que é sírio, que se inscreve, aliás, na diferença, que no direito internacional há muito está

consolidada, entre as ações preventivas, que são admissíveis, e as ações «preemptivas», que são condenáveis.

Em relação às afirmações que atribui ao Alto Comissário Filippo Grandi, é impossível que ele as tenha feito.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados está nos antípodas dos seus termos de referência,

Sr. Deputado.

Como não fez nenhuma pergunta, também não tenho nenhuma resposta a dar.

Aplausos do PS.

O Sr. André Ventura (CH): — Não tem resposta!

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem a palavra, para formular perguntas, o Sr. Deputado João Cotrim

de Figueiredo, do Iniciativa Liberal.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados,

Sr. Ministro, não sei se reparou, mas, na primeira ronda, houve aqui uma coisa divertida, que foi, na resposta a

um Sr. Deputado, o Sr. Ministro ter dito — cito de memória, mas acho que não cito mal: «Isto não é Realpolitik,

é realismo na política externa», fazendo aquela coisa divertida que é fazer a tradução da palavra alemã numa

boa tradução de português — dou-lhe, aliás, os parabéns, porque foi rápido a fazer uma tradução exata de

Realpolitik.

Isto seria divertido, se não fosse um bocadinho trágico, porque Realpolitik parece que se justifica sempre que

há uma comunidade de compatriotas algures e que isso justifica os temores ou os pudores que temos

relativamente a esses regimes, por muito violadores que sejam de determinados direitos.