4 DE MARÇO DE 2021
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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem, agora, a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros, para completar a resposta.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Luís
Ferreira, em relação ao Tratado da Carta da Energia, a primeira coisa que a boa governação exige é um
conhecimento aprofundado do que dispõe esse Tratado e quais são as obrigações que a parte contratante,
neste caso o Estado português, assume.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Portanto, o Departamento de Assuntos
Jurídicos do Ministério dos Negócios Estrangeiros está a fazer essa análise, que depois tem de ser confrontada
com o ministério setorial, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
Sendo essencial um acerto, uma concertação ao nível europeu, não sei se se colocará a questão de alteração
do Tratado, da sua denúncia, se mesmo do seu recesso ou de outra figura, sendo um tratado multilateral.
O que queria dizer é que não devemos ter nenhuma espécie de ilusão de que aquilo que é essencial que
façamos para assegurar as condições de habitabilidade do planeta e, portanto, a sobrevivência da nossa
espécie, do chamado Homo sapiens sapiens, ferirá muitos interesses, e esses interesses usarão todas as armas
contra nós. Por isso, repito o meu apelo: é preciso que sejamos rápidos e fortes na aprovação dos instrumentos
legislativos, ao nível europeu, indispensáveis para que possamos vencer esses interesses, porque eles têm
algum poder, e é preciso ter isso sempre em boa conta.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem, agora, a palavra, para formular perguntas, o Sr. Deputado André
Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, disse há pouco que não
conseguia raciocinar nos meus termos. Sei que não, porque, de facto, Sr. Ministro, não me envergonha nada
dizer que, se houver estrangeiros que cometam atos de terrorismo na União Europeia, se fizerem tráfico de
drogas na União Europeia e forem expulsos não durmo pior por causa disso. Nem o Sr. Ministro devia dormir
pior por defender a segurança dos cidadãos europeus. E um dia, se Deus quiser, assim será: quem cometer
crimes vis em território europeu deverá ser devolvido ao seu território de origem.
Mas já que tão enfaticamente disse que o novo Presidente norte-americano era uma mudança, pergunto-lhe
o que é que acha do bombardeamento feito à Síria, na semana passada, pela administração Biden, que tinha
dito que resolveria o problema diplomaticamente. Parece que os seus aliados não estão a funcionar muito bem
nessa matéria.
Mas falemos de sanções, Sr. Ministro, porque disse que se orgulhava de uma União Europeia que não tem
sanções contra a economia de um país, que tem sanções individualizadas. E, de facto, estão a funcionar bem,
como se viu no caso da Ucrânia, em que funcionaram perfeitamente, como se viu em todo o lado onde a União
Europeia anda, em que têm funcionado na perfeição, seja no Médio Oriente, seja na Ucrânia… O respeito que
a Rússia nos tem, com os senhores na liderança, é zero, como se viu na visita de um diplomata europeu, há
pouco tempo, em que fomos humilhados! E o Sr. Ministro disse «vamos ter calma, vamos manter a cabeça fria».
Não podemos ter calma quando somos humilhados na nossa dignidade, devemos ter a capacidade e a coragem
de responder!
Por isso, Sr. Ministro, pergunto-lhe: será ou não sob a Presidência portuguesa que, pela primeira vez, vamos
conseguir impor sanções a sério àqueles que são os nossos inimigos?
Termino com uma questão que foi levantada pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados,
que disse que a Presidência portuguesa seria a última oportunidade para se levar a cabo um plano a sério para
o combate à imigração…
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.