I SÉRIE — NÚMERO 51
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milhões de euros não vão ser pagos pelas pessoas e pelas empresas aos bancos. Temos insolvências, temos
lojas fechadas um pouco por todo o País. Temos um flagelo económico e social e teremos, necessária e
infelizmente, uma crise financeira, uma crise também no sistema bancário.
Sabemos também — e isso não são boas novidades — que há países que já vão ter uma quarta vaga de
COVID-19, como é o caso da Finlândia e de outros países da Europa de Leste.
Deus queira que não chegue cá e que não tenhamos, em Portugal, uma quarta vaga pandémica — como é
evidente, ninguém quer isso. Mas as empresas e o tecido económico têm de saber «com que linhas é que se
cosem», têm de saber o que é que o Governo está a preparar no caso de termos aqui uma nova vaga
pandémica. É que uma nova vaga significa um novo impacto económico nas nossas empresas, sobretudo nas
micro e pequenas empresas, que são as mais atingidas.
Ora, a pergunta que faço ao Sr. Primeiro-Ministro, e para a qual gostaria de obter uma resposta, é esta: o
que é que o Governo está a preparar no caso de haver aqui uma nova vaga pandémica?
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das
Finanças.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças (João Leão): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Gonçalves
Pereira, relativamente às questões colocadas sobre a evolução da economia e da dívida pública, devo dizer
que, no ano passado, houve uma queda muito significativa da economia em toda a Europa e em todo o mundo
ocidental. Assim, Portugal, com uma queda de 7,6% do PIB, se comparado com outros países que, como o
nosso, dependem muito do turismo, como a Itália, a Espanha, a Grécia e a França, foi o País em que a
economia menos contraiu.
Com as projeções que estão a ser feitas, nós contamos, já em 2022, atingir o nível mais elevado de sempre
do PIB e recuperar dos efeitos da crise — isso está nas previsões do Governo, mas também está nas
previsões de outras instituições internacionais.
Portugal, sendo um País muito exposto ao turismo, foi naturalmente muito afetado na economia, mas foi,
no contexto europeu e no contexto dos países do sul da Europa que dependem do turismo, dos menos
afetados.
Em relação à sua questão sobre a dívida pública, é verdade que a dívida pública voltou a aumentar muito
com a pandemia, mas aumentou quer em Portugal quer em todos os países do mundo. E, em Portugal,
aumentou em linha com os outros países. E, antes da crise, Portugal era o País que, na Europa, estava a
reduzir mais a dívida pública, estava a fazer uma trajetória de redução significativa da dívida pública.
Agora, naturalmente, com a crise, a dívida pública aumentou, assim como aumentou nos outros países.
Mas, a partir do próximo ano, vamos iniciar uma trajetória de redução.
Relativamente aos apoios às empresas, o Governo já afirmou várias vezes publicamente que, enquanto
houver pandemia e enquanto a atividade económica estiver condicionada pelos efeitos da pandemia, os
apoios às empresas se manterão. Ainda agora, Portugal já decidiu — e foi um dos países mais avançados a
fazê-lo — estender os apoios às empresas e aos trabalhadores até setembro, apesar de já se esperar, no
verão, uma franca recuperação da economia. Não hesitámos e achámos que era melhor, no apoio à atividade
económica e ao emprego, arriscar e dar demais do que estar a retirar os apoios cedo demais.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Ministro, chamo a sua atenção para o tempo.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Portanto, enquanto a atividade económica estiver
condicionada pela pandemia, vamos continuar a prolongar os apoios.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, tem a palavra para esgotar
o seu tempo. O Governo já não responderá por não ter tempo.