I SÉRIE — NÚMERO 61
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às empresas e no financiamento do setor bancário, de modo a garantir que as perdas não sejam só no setor
bancário.
Ainda nesse âmbito — e o Sr. Ministro do Planeamento, a seguir, poderá aprofundar esta questão, se assim
o entender —, temos no PRR medidas que vão ajudar a fazer a transição. Como referi, estão 1500 milhões de
euros já previstos, via Banco de Fomento, para ajudar as empresas a transitar para o período pós-moratórias,
bem como estão previstos 9000 milhões de euros, via InvestEU com a participação do Banco de Fomento, que
também ajudarão a fazer essa transição, além de ainda termos outros mecanismos para este processo.
Também queria dar nota, primeiro, de que o fim das moratórias tem que ver com o retomar do normal
processo de pagamentos, sendo que esperamos que a economia, nessa altura, já esteja em franca recuperação,
e, segundo, de que nos países em que já terminaram as moratórias o processo foi muito mais pacífico do que
se antecipava.
Falta, ainda, responder às questões relevantes colocadas sobre a recuperação económica. Estou
particularmente de acordo com a seguinte questão: a eficácia das medidas de apoio decididas pelo Estado às
empresas, e hoje o INE confirma que a taxa de desemprego se situa nos 6,5%…
Protestos da Deputada do CDS-PP Cecília Meireles.
Srs. Deputados, lembro que, no anterior Governo do PSD, por não ter havido apoios às empresas e por ter
havido uma crise, apesar de a economia ter caído menos do que no último ano, a taxa de desemprego chegou
a atingir valores superiores a 16%.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — O INE vem agora confirmar uma taxa de desemprego de 6,5%!
Ora, isto permitiu manter a capacidade produtiva das empresas, o que não só é importante no apoio aos
trabalhadores e na manutenção do seu emprego, como é crucial para assegurar uma recuperação da economia
muito rápida, que antecipamos para este ano e para o próximo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos dar início à segunda ronda de pedidos de esclarecimento.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, Sr. Ministro,
salários dignos e emprego com direitos são elementos centrais para garantir dignidade na vida de cada um, para
responder à situação que vivemos e para assegurar um caminho de desenvolvimento económico e social do
País.
O Governo não pode ignorar a catadupa de despedimentos coletivos que estão a ter lugar a pretexto do surto
epidémico, bem como a destruição de postos de trabalho que tal significa: Eurest, Global Media, Cofina, TAP,
incluindo processos de chantagem e de pressão sobre os trabalhadores nestes despedimentos coletivos.
O Governo também não pode assistir impávido, sereno e cúmplice ao encerramento da refinaria do Porto, à
destruição de mais de 1000 postos de trabalho, com consequências tremendas para a economia local e regional
e que significam mais desindustrialização e mais dependência externa do País.
O caminho tem de ser outro: pôr Portugal a produzir, combater o desemprego, a precariedade, criar emprego
com direitos, valorizar significativamente os salários, garantir a proteção social de quem está em situação de
fragilidade.
Sr. Ministro, que tem a dizer aos trabalhadores que estão a ser despedidos e que precisam do seu posto de
trabalho? Aos milhares de trabalhadores cujos salários não lhes permitem sair da pobreza? Aos trabalhadores
que continuam à espera dos apoios sociais, apoios esses que têm de chegar rapidamente? O que tem a dizer
a todos estes trabalhadores que, objetivamente, não encontram resposta neste documento que o Governo
apresenta?