I SÉRIE — NÚMERO 61
30
O Sr. Deputado Fernando Anastácio disse que eu falei de 1000 empresas. Vamos lá ver, eu não falei de
1000 empresas, falei que o PRR, no âmbito da capitalização, diz que o resultado é capitalizar mais de 1000
empresas. Eu acho que isto deve ser uma gralha, porque 1000 empresas, num país que tem mais de 1 milhão,
é uma gota de água no oceano. Tenho comigo o documento, só quero que me expliquem.
Em segundo lugar, também queria esclarecer que não teci nenhum comentário, antes pelo contrário, sobre
a falta de investimento público. Eu só disse que é falso aquilo que o Sr. Ministro das Finanças escreveu no
Programa de Estabilidade, que é «Trajetória de recuperação do investimento público, iniciada pelo Governo em
2016. Em 2016 o investimento público diminuiu...». É falso! É mentira! E está aqui o core data, que não me deixa
mentir.
Eu nem sequer estava a tecer considerações, só pretendia explicações. Que os senhores não sejam
capazes, sequer, de discutir os documentos que produzem e os factos que invocam, acho isso uma visão
assustadora da política. Nós discordamos de opiniões, não de factos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — A Sr.ª Deputada fará chegar à Mesa os documentos, que serão,
evidentemente, distribuídos.
Vamos, agora, passar ao encerramento deste debate.
Para o efeito, dou a palavra ao Sr. Ministro de Estado e das Finanças, João Leão.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os portugueses sabem
que haverá um país depois da pandemia e que as decisões urgentes de hoje não podem ignorar que existe um
amanhã cheio de desafios, aos quais importa também responder.
O Programa de Estabilidade para os próximos quatro anos, que aqui hoje defendemos, aponta respostas a
esses desafios e cria as condições financeiras para uma estratégia centrada numa forte recuperação económica
e social do País na sequência da pandemia.
Este Programa beneficia também do trabalho feito pelo Governo no período anterior à crise, que colocou,
pela primeira vez neste século, Portugal a crescer, em termos económicos e em termos de emprego, acima da
média europeia e que, ao mesmo tempo, conseguiu colocar as contas públicas em ordem, tendo-se atingido o
primeiro excedente orçamental da democracia.
Aplausos do PS.
Por termos feito esse trabalho de casa, podemos agora, com confiança, apresentar uma estratégia em que,
pela primeira vez, o País enfrenta uma crise sem austeridade e de uma forma completamente diferente das
anteriores crises e, em particular, da última, com um Governo liderado pelo PSD.
Foi este capital que nos permitiu enfrentar esta crise com um reforço nunca antes visto: de investimento no
Serviço Nacional de Saúde e nos seus profissionais; sem cortes nos salários e nas pensões, mas, sim, com
novos e reforçados apoios às famílias e, em particular, aos mais afetados pela crise; com o sistema financeiro
a fazer parte da solução e não parte do problema; sem o aumento exponencial do desemprego, mas, sim, com
apoios massivos às empresas, que estão a ajudar a manter os postos de trabalho.
Queria, a este propósito, destacar aqui dois números: no primeiro trimestre, foram dados apoios às empresas,
a fundo perdido, no valor de cerca de 1200 milhões de euros para apoiar custos com o trabalho e outros custos
fixos, um aumento de 150% face ao valor médio mensal atribuído no ano anterior.
Aplausos do PS.
Srs. Deputados, é um exemplo do «custe o que custar» e do valor elevado dos apoios que estamos a dar,
os mais altos do primeiro trimestre no contexto europeu.
O principal indicador de eficácia das políticas de apoios massivos por parte do Estado é a evolução da taxa
de desemprego. Como referimos, ainda hoje o INE anunciou uma taxa de desemprego de 6,5%, um valor
muitíssimo mais baixo do que o da crise anterior, durante o Governo do PSD, em que a taxa de desemprego
chegou a atingir 16,2%, em 2013.