I SÉRIE — NÚMERO 63
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esses 2 milhões de euros do prémio de gestão de uma eventual transferência que venha a ser feita nos próximos
tempos entre o Fundo de Resolução e o Novo Banco.
Vemos, também, que o PSD, nas últimas 24 horas, «mudou a agulha» sobre o que falhou ao longo dos anos
sobre a solução para o Novo Banco.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Conversa!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — O PSD sempre defendeu que a venda tinha sido a melhor solução. Ontem à noite, o Presidente do PSD pôs isso em causa, dizendo que a venda não terá sido a melhor solução e que,
provavelmente, ter mantido o Novo Banco na esfera pública teria sido melhor.
O Sr. Deputado Duarte Pacheco, na sua intervenção, tentou lavrar um pouco essa tese. Pois bem, fiquei
surpreendido, como, certamente, muitos Deputados desta Câmara ficaram. Mas rapidamente cheguei a dois
projetos de resolução que foram aqui apresentados, pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, a 3 de fevereiro de
2017, que propunham exatamente a manutenção do Novo Banco na esfera pública, propondo até que se fizesse
um estudo para esse efeito, e o PSD e o CDS votaram contra!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Claro!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Portanto, esse debate foi feito na altura própria, em 2017, quando o Estado português e o Governo estavam obrigados a vender o Novo Banco. E temos de nos lembrar do que
estava em cima da mesa: liquidar o Novo Banco ou vendê-lo.
Liquidar o Novo Banco tinha custos brutais para as finanças públicas e para os contribuintes, nomeadamente
o aumento dos juros da dívida pública, na casa das centenas de milhões de euros, um novo universo de lesados
a indemnizar, a capitalização do Fundo de Garantia de Depósitos para depósitos até 100 000 €. Portanto,
estávamos a falar de mais de milhares de milhões de euros que tinham custos muito acima do que foi o produto
da venda. Mas a venda só decorreu em 2017 porque alguém falhou a venda do banco em 2015.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Por amor de Deus…!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Quem criou o Novo Banco prometeu um banco bom e falhou! Quem prometeu vender o Novo Banco em 2015 falhou. E quem falhou? Há dois nomes e dois responsáveis: Pedro
Passos Coelho e Carlos Costa. O Sr. Deputado sabe disso.
Que o PSD não perca a memória e tenha dignidade intelectual neste debate!
Aplausos do PS.
Risos do Deputado do PSD Duarte Marques.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, quero deixar duas notas face às questões que colocou.
Em primeiro lugar, é preciso separar — às vezes há quem não separe e penso que nos seus valores não fez
essa separação — os empréstimos a bancos que pagaram e devolveram com taxas de juro de 10%. Há bancos
privados que receberam um empréstimo que devolveram ao Estado com um juro de 10% e esse valor não pode
ser visto como um custo para o contribuinte. O que temos de ver é o que foi emprestado a fundo perdido, o que
aconteceu na Caixa, no BPN (Banco Português de Negócios) e no Novo Banco — e não atinge esse valor.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Não é um saco azul!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Mas, seja como for, é um valor elevado para qualquer um de nós e para os portugueses, naturalmente.