7 DE MAIO DE 2021
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De facto, não faz sentido que haja capacidade produtiva e que haja fábricas no mundo que podem produzir
mais vacinas e que não estejam a ser utilizadas. Este é um aspeto essencial e, por isso, o PCP apresentou
estas propostas, que foram rejeitadas, o que revela bem o posicionamento do PS, do PSD, do CDS-PP, do PAN,
do Iniciativa Liberal e do Chega relativamente a esta matéria. Entre defender a saúde e defender os interesses
da indústria, o que salta à vista é a defesa dos interesses da indústria.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Ainda na semana passada, no Parlamento Europeu, perante propostas para se considerar a vacina como um bem público e, mais uma vez, para se suspenderem as patentes, o PS, o PSD
e o CDS-PP votaram contra. Creio que isto revela bem o posicionamento destes partidos.
Para terminar, Sr. Deputado, gostaria de colocar uma questão. Nós estamos de acordo com a suspensão
das patentes e consideramos, também, que é importante, no nosso País, haver esta capacidade produtiva que,
hoje, não temos. Perante a situação que vivemos, em que se prevê a necessidade da vacina por mais tempo e
tendo em conta esta mesma realidade, o Bloco de Esquerda não acompanha a proposta do PCP acerca da
necessidade de investimento na capacidade produtiva no nosso País, naturalmente, na produção de vacinas
contra a COVID-19?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, peço que conclua.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Estas vacinas serão necessárias para o futuro do nosso País!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do Grupo Parlamentar do PEV.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: cumprimento o Sr. Deputado Moisés Ferreira por nos trazer este tema, uma vez que a vacinação constitui o mais importante elemento de esperança
no momento atual, para os portugueses, para o nosso País, para o mundo.
Esta esperança é muito desigual e está em condições de desigualdade tremendas, uma vez que nem a
pandemia foi capaz de alterar opções políticas e, sobretudo, a opção de priorizar o lucro, em vez da saúde das
pessoas.
Garantir a vacinação de todos, ultrapassando os problemas que possam existir, designadamente no plano
da contratação dos enfermeiros necessários, assegurando os espaços com as condições adequadas ao
processo complexo, garantindo que chega a todos os que necessitam de proteção, porque são mais vulneráveis
à doença, parece ser o caminho para que não se ande para trás no processo do desconfinamento. Mas a
verdade é que, à medida que se avança no número de pessoas a vacinar, novos problemas vão surgindo, porque
a logística começa a ser pesada e vacinar, todos os dias, 100 000 pessoas não é a mesma coisa do que vacinar
120 000, num fim de semana.
Os Verdes afirmaram, em diversos debates sobre o tema, que era já tempo de o Governo português assumir
o seu papel na Presidência do Conselho da União Europeia, procurando alargar a oferta de vacinas, enfrentando
os poderosos interesses das farmacêuticas, exigindo-lhes o cumprimento dos contratos ou garantindo, no plano
nacional, a compra de mais vacinas a outros fornecedores.
Os números demonstram que a vacinação já está a surtir efeitos positivos, com menos mortes por COVID-
19, mas não podemos continuar com este ritmo de vacinação.
Para isso, é necessário que Portugal faça o que andamos há meses a defender, ou seja, que tome nas mãos
a compra de vacinas a outros fornecedores e que, no médio prazo, aposte na produção de vacinas.
A questão que lhe deixo é se considera que este seria o caminho para enfrentarmos a pandemia com mais
segurança.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Moisés Ferreira.