I SÉRIE — NÚMERO 75
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Sr.as e Srs. Deputados: A educação está longe de ser o caos que insistentemente tentam fazer passar e
muito menos funciona em piloto automático, para que se possa dizer, quando as coisas correm bem, que
acontecem independentemente do Ministro.
Sabemos que, em educação, nunca está tudo feito, por isso aqui estamos para continuar o caminho.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cláudia André, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Cláudia André (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, julgo que a pergunta do dia de hoje é: onde está o plano? E, pelo que ouvi até agora, parece-me que ainda não há
plano. Temos, realmente, ouvido muitas entidades, temos, realmente, ouvido muitas opiniões, mas resultaram
num PowerPoint.
O Grupo Parlamentar do PSD, até à data, só conhece um PowerPoint, que é um conjunto de ideias vagas,
de frases feitas e de fórmulas mais do que gastas, iguaizinhas às de outros documentos, que podiam
perfeitamente encaixar nos anos de 2016, 2018 ou 2019.
Um PowerPoint, como costumo dizer ou como dizia aos meus queridos alunos, tem sempre de ter por
detrás um estudo, um trabalho de investigação consolidado e científico, porque ele serve apenas para
identificar uma mensagem simples. E, realmente, foi uma mensagem simples que o Ministro da Educação quis
passar há sete dias: um PowerPoint que anuncia 900 milhões de euros e que, a seguir, coloca uma série de
conteúdos, mas ninguém consegue perceber muito bem onde é que estão os milhões e onde é que vão ser
gastos. Uma coisa é certa: na última página, percebemos que 670 milhões são para equipamentos. E estes
equipamentos deviam ter chegado ao longo do mandato do Sr. Ministro da Educação, que é longo, porque
nunca foi tão longo nenhum outro mandato de outro ministro da educação desde o 25 de Abril, ou até antes.
Portanto, estes equipamentos, desde que o Sr. Ministro «reina» neste Ministério da Educação, já deviam
ter chegado em setembro de 2020, conforme anunciado, e já deviam ter chegado em janeiro de 2021, quando
os alunos estiveram confinados. Mas não, os equipamentos vão chegar agora e tiram, dos 900 milhões de
euros, 770 milhões para equipamentos e apetrechamentos. Ou seja, para o apoio nas escolas, efetivamente,
sobram pouco mais de 240 milhões de euros, e estes 240 milhões de euros significam, então, 143 € por aluno.
Este estudo diz-nos que, simplesmente para pessoal de apoio aos alunos, temos 140 € por aluno, para o
próximo ano letivo.
O que é mais interessante é que o estudo da Universidade Nova que saiu em março diz-nos que, só para
tutores de Português e de Matemática, teriam sido precisos 240 milhões de euros, o que significa, no mínimo,
422 € por aluno.
Por isso, Sr. Ministro, que ainda não conseguiu fazer um diagnóstico de todos os anos de escolaridade,
que ainda não sabe que perdas houve, ao contrário do que diz, e que está muito preocupado com as perdas
dos alunos, mas ainda não conseguiu aferir estas perdas, tenho algo para lhe perguntar: porquê, Sr. Ministro?
Por que razão não consegue ter um plano eficaz, um diagnóstico real? E por que razão ainda o vem anunciar
para a comunicação social sete dias antes de ter um plano que nos diga exatamente, com exaustão, tudo
aquilo que concluiu, depois da audição de tão nobres figuras, que o são, não tenho a menor dúvida?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Ainda no tempo do PSD, tem a palavra o Sr. Deputado António Cunha.
O Sr. António Cunha (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Quanto ao Plano 21|23 Escola+, não deixa de ser jocoso o anúncio das medidas e dos recursos. Do nosso ponto de
vista, não passa de um plano de consolidação de promessas não cumpridas, de propostas e números
requentados para enganar os mais incautos.
O seu PowerPoint não quantifica recursos, tanto humanos, como materiais, e nem sequer os calendariza.