I SÉRIE — NÚMERO 3
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Portanto, da parte do Bloco de Esquerda, voltaremos a tomar iniciativas e a trazê-las aqui, exigindo a todos
que assumam a sua opção: proteger os lucros ou proteger as populações.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PSD, o Sr.
Deputado Cristóvão Norte.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Reina
a hipocrisia neste Plenário. Há cinco anos, quando o Governo tomou posse, os preços dos combustíveis
estavam particularmente baixos e o Governo, nessa altura, crismou um princípio, um princípio que visava
assegurar aos portugueses estabilidade nos preços e que visava garantir ao Governo a receita necessária
para cumprir o seu Orçamento — chamaram-lhe «neutralidade fiscal».
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Chamaram-lhe todos, não foi só o Governo!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — O que ilustrava esse princípio? No fundo, esse princípio dizia: «Se os
preços dos combustíveis subirem, vamos reduzir o ISP. Dessa forma, obteremos a mesma receita, mas
desoneraremos os portugueses dos impostos que aumentaram».
Fizeram o maior aumento de impostos da história: 6 cêntimos por litro na gasolina e no gasóleo.
A partir desse momento, o que sucedeu? O preço dos combustíveis começou a subir e o Governo não
cumpriu com a sua palavra, desonrou-a. Desonrou-a, em cinco anos, em mais de 2000 milhões de euros
contra os portugueses!
Aplausos do PSD e do IL.
Fê-lo da forma mais pérfida possível, anestesiando os portugueses, através de impostos indiretos e,
depois, ano após ano, refugiando-se na questão ambiental. Veio dizer que tinha a ver com a questão
ambiental. Ora, se tinha a ver com a questão ambiental, era necessário, todos os anos, carregar mais e mais e
mais, como o Governo carregou? Era necessário impor aos portugueses, muitos sem acesso a transporte
público e em zonas recônditas do País, uma taxa de esforço de 15%, 20% e 30% para se deslocarem para os
empregos, para levarem os filhos à escola?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Foi para essa situação de penúria dramática que os portugueses foram
empurrados, por uma razão: porque temos um Estado glutão, um Governo irresistível a mais impostos e que,
no fundo, criou uma «cortina de fumo» para garantir mais receitas, à revelia dos portugueses.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — E esta proposta de lei, que o Governo apresenta, está filiada nesse
propósito. O Governo antecipa a rejeição popular a respeito do preço dos combustíveis, que aumenta, devido
ao aumento significativo das matérias-primas — é um facto —, e isso não é responsabilidade do Governo, a
responsabilidade do Governo é a de não ter honrado a sua palavra e, hoje, serem os portugueses a
responder, através dos impostos, por 55% a 60% do preço dos combustíveis. Isto é terrível para as famílias,
isto é terrível para as empresas, num País que é pouco competitivo, que precisa de criar emprego qualificado,
que precisa de encontrar soluções para conseguir uma economia mais robusta, mais inclusiva, uma economia
que tenha a capacidade de se regenerar e de não cair no abismo que significa ser um dos últimos países da
Europa.
Dar-vos-ei o seguinte exemplo, que é tão ilustrativo: desde 2016, em ISP e outros impostos, o Governo
aumentou 11 cêntimos por litro só no gasóleo. Vejam o que esse aumento representa para cada família com