I SÉRIE — NÚMERO 4
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Os eleitores mostraram também um cartão amarelo ao Primeiro-Ministro, António Costa, que confundiu
muitas vezes as funções de Primeiro-Ministro e as funções de Secretário-Geral do Partido Socialista ao fazer do
Plano de Recuperação e Resiliência e da bazuca europeia bandeiras de campanha.
Os eleitores rejeitaram a soberba, a prepotência e a arrogância com que o Partido Socialista se apresentou
a estas eleições, desde logo em Lisboa, onde o PS dava como garantida a sua reeleição.
O Sr. Presidente: — Agradeço que termine, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. E nem as coligações pré-eleitorais que o Partido Socialista estabeleceu evitaram pesadas derrotas: em
Lisboa, a coligação com o Livre não evitou a perda de 25 000 votos e dois vereadores; em Cascais, a coligação
com o PAN e com o Livre não evitou a perda de mais de 5000 votos e um vereador, levando a um dos piores
resultados da história do Partido Socialista.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — A Mesa registou a inscrição, para formular um pedido de esclarecimentos, da Sr.ª Deputada Carla Borges, do Grupo Parlamentar do PSD.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Carla Borges (PSD): — Sr. Presidente, cumprimento-o a si, bem como as caras e caros colegas Deputados.
Dirijo um cumprimento muito especial ao CDS por trazer este tema tão pertinente a debate, um tema, aliás,
trazido por outros partidos a esta Assembleia, sobre o qual vimos discutir e refletir aprofundadamente.
Lamento que, ainda há pouco, tenhamos ouvido os outros partidos trazerem as suas reflexões, os seus
discursos, mais uma vez a quererem iludir os portugueses neste fórum, e que agora, perante o debate político,
apenas só uma inscrição, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado, tenha sido feita, uma inscrição para fazer
reflexões, para sublinhar aspetos, para fazer perguntas. Pelos vistos, Sr. Deputado, ficamos os dois, porque os
outros não se importam com a reflexão política nem com o debate político.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Apenas se importam com o vender do seu discurso da vitória, feita à sua imagem e feita à imagem dos seus
eleitores e dos seus autarcas.
Sr. Presidente, caras e caros Srs. Deputados, as eleições autárquicas são, seguramente, um dos momentos
da vida política do nosso País que mais dignifica e torna viva a democracia e são um momento de afirmação da
importância que as políticas públicas têm no território e no seu desenvolvimento.
Nesta que é, provavelmente, a última intervenção que farei nesta Casa antes de tomar posse como vereadora
na Câmara Municipal de Tondela, algo que muito me orgulha e muito me honra, gostava apenas de saudar todos
os autarcas do PSD que foram eleitos, nas pessoas de Fernando Ruas, Fernando Lopes, António Leitão Amaro,
e também todos aqueles que exerceram as suas funções até ao momento, com toda a dignidade e isenção.
Ouvimos dizer, nesta Casa, que o voto não é um voto estritamente ideológico. Pois não, Sr.as e Srs.
Deputados, é um facto. Por isso é que são eleições de proximidade e por isso é que Lisboa reprovou — e até
mesmo condenou — a boia de salvação que António Costa lançou a um dos seus «delfins», Fernando Medina,
dando vitória a Carlos Moedas, dando a vitória ao PSD.
Por último, gostava de lhe deixar uma pergunta. Sr. Deputado, apoiará o PSD na elaboração do próximo
Orçamento do Estado, na prossecução e na definição de um conjunto de políticas que venham a visar a
determinação e a fortificação do poder autárquico, das autarquias locais, sejam as câmaras municipais, sejam
as juntas de freguesia?
Aplausos do PSD.