8 DE OUTUBRO DE 2021
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Em primeiro lugar, o conjunto de medidas que identificámos e aprovámos aqui há cerca de um ano
permitiram evitar que o desemprego tivesse chegado aos 18,5% da crise anterior, nunca tivesse ultrapassado
os 8% e já esteja, neste momento, nos 6,4%.
Além disso, conseguimos evitar muito da catástrofe que fez alguns afastarem-se da linha de rumo que
iniciámos em 2016, com medo do que iria acontecer ao longo deste ano,…
O Sr. João Paulo Correia (PS): — É verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e houve aqueles — tenho de reconhecer que o PCP foi um deles — que se mantiveram firmes na luta e na identificação de soluções concretas para os problemas concretos que havia a
enfrentar. E, uma a uma, essas medidas têm vindo a ser adotadas.
Há um conjunto de problemas? Há! E temos agora de fazer o quê? Temos de fazer o que fizemos no ano
passado, o que fizemos há dois anos, o que fizemos nos últimos seis anos, isto é, para cada problema
encontrar a solução. Sabemos que o calendário deste debate não se ajusta propriamente à tranquilização
imediata de muitas das suas preocupações, mas estou certo de que segunda-feira, quando der entrada na
Assembleia da República o Orçamento do Estado, senão antes, ficará menos preocupado do que está hoje.
No entanto, não há nenhuma razão para deixarmos de manter uma preocupação geral. Ninguém pode ter a
ilusão que, depois da crise que tivemos e perante a gravidade dos problemas que o País atravessa, num
estalar do dedo, os problemas vão desaparecer. Não! Vão ser anos de muita luta que vamos ter pela frente e
por isso tenho dito que este é dos momentos mais empolgantes para estarmos aqui a dar a cara, a enfrentar e
a conduzir aquilo que é necessário fazer para responder às necessidades do País.
Aplausos do PS.
E tenho a certeza de que o PCP não falhará ao compromisso que tem para com o País e para com o povo
português!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do PAN, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo aqui presentes, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, todos os anos, em Portugal, os nossos contribuintes pagam 500 milhões de
euros para as isenções e as borlas fiscais que são dadas à EDP e demais atividades poluentes. Este não é o
caminho que o PAN defende, não é o caminho do alívio das famílias, nem é o caminho dos compromissos
ambientais que Portugal deve seguir.
Ouvimo-lo já hoje falar da necessidade de sairmos da crise, mas a crise não se resolve, nesta retoma
económica, sem falarmos das pessoas e sem falarmos de justiça social e de justiça ambiental. Aliás, gostaria
de lhe recordar aqui mesmo, hoje, as palavras do Secretário-Geral das Nações Unidas, Eng.º António
Guterres, que, já em maio de 2019, dizia que os Governos devem, em primeiro lugar, alterar os impostos dos
salários para o carbono e, em segundo lugar, parar de subsidiar os combustíveis fósseis e que o dinheiro dos
contribuintes não deve servir para potenciar furacões, secas, ondas de calor, degelo dos glaciares e atacar os
corais.
Apesar de o Governo ter vindo a reduzir as isenções sobre os produtos petrolíferos para a produção da
energia no nosso País, nomeadamente, a partir do carvão, mantêm-se as isenções para a produção de
energia através de outras energias fósseis, como o gás.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, hoje gostaríamos de saber se vai ou não acompanhar a proposta do PAN e
se vamos contribuir para que se eliminem, de uma vez por todas, as isenções dos impostos sobre o petróleo e
com essas verbas permitir que se alivie a carga fiscal sobre a família, que façamos uma revisão entre o 3.º e o
6.º escalões do IRS, se, neste Orçamento, se vai dar a mão às famílias, aos jovens, aumentar as pensões de
reforma ou se, pelo contrário, vamos continuar a permitir borla fiscais que não só não servem para os