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8 DE OUTUBRO DE 2021

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Agora foram 87 médicos do Centro Hospitalar de Setúbal que se demitiram, como grito de revolta perante a

situação desesperante e de rutura em vários serviços.

E, por fim, temos a demissão do presidente do Conselho de Administração da CP (Comboios de Portugal).

Sr. Primeiro Ministro, isto faz lembrar uma debandada geral. E, no caso da CP, o que temos assistido é a

que o serviço público de transporte ferroviário está a ser fortemente penalizado por uma política de asfixia

financeira por parte do Governo.

O Governo não pode anunciar a aposta na ferrovia e, ao mesmo tempo, impor constrangimentos

financeiros para aquisições básicas, como de componentes mínimos, mas que são indispensáveis.

Sr. Primeiro-Ministro, creio que tinha toda a oportunidade percebermos o que tem a dizer sobre estas

demissões, em particular sobre a demissão do presidente da CP, tendo em conta, até, os motivos que levaram

a essa demissão.

Aplausos do Deputado do PCP João Oliveira.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, tão depressa sou acusado de não fazer remodelações no Governo como de estar cercado de uma debandada geral. Bom, não há

debandada geral, estamos aqui todos firmes para continuar o nosso trabalho.

Aplausos do PS.

Como sabe, são demissões que têm causas múltiplas e próprias.

Relativamente à questão da CP, tenho particular pena porque estava a ser desenvolvido um trabalho muito

bom. O próprio presidente da CP teve oportunidade de explicar, em documento público, as razões pessoais

que levaram à sua demissão, que só posso lamentar. Porém, não está em causa, obviamente, a grande

prioridade que o Governo atribui à ferrovia.

Como sabe, neste momento, temos em curso o maior investimento em ferrovia dos últimos 100 anos, o

corredor sul ferroviário, e, além da infraestrutura, tem sido feito um trabalho notável do ponto de vista da

reconstrução da capacidade industrial portuguesa em matéria ferroviária. Pusemos em funcionamento a

oficina de Guifões e estaremos, brevemente, a abrir o centro de competências ferroviário.

Nas oficinas de Guifões, por exemplo, foi possível fazer um trabalho absolutamente extraordinário de

recuperação de um conjunto de carruagens adquiridas a Espanha, que foram reabilitadas, com uma poupança

enorme dos nossos recursos. Foram cerca de 40 milhões de euros que poupámos relativamente à aquisição

de composições novas, caso o tivéssemos feito, e com algo muito importante: é que este investimento na

ferrovia tem um efeito de locomotiva do conjunto da economia e a melhor demonstração está, precisamente,

na recuperação destas carruagens.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já concluir, Sr. Presidente. Mais de 50 empresas portuguesas contribuíram diretamente para a recuperação daquelas carruagens com

o fornecimento de componentes e essa recuperação teve 95% de incorporação nacional.

Portanto, quer por razões ambientais, quer por razões económicas, o investimento na ferrovia é

absolutamente crucial, tem de continuar a ser acarinhado e temos de criar as melhores condições para que as

empresas públicas possam funcionar de acordo com aquilo que são: empresas.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Diogo Pacheco de Amorim, do Chega.