8 DE OUTUBRO DE 2021
25
O que ficámos a saber, no entanto, foi que a despesa com a Administração Pública, em massa salarial, vai
subir mais de 5% e, no caso concreto do SNS, vai subir mais de 10%, como se atirar dinheiro para cima do
SNS fosse capaz de resolver as situações que já se verificaram no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, ou
que se irão verificar, provavelmente, no Hospital de Egas Moniz, em Lisboa, ou no de Santo André, em Leiria,
ou em Faro, ou na Guarda. E estes são, apenas, alguns dos problemas que estão aí!
Outra coisa que ficámos a saber foi que, até 2024, Portugal vai crescer menos do que a maior parte dos
países com os quais se deveria comparar. Está nas previsões macroeconómicas do Governo, que se podem
comparar com as previsões dos outros Governos e dos PRR que submeteram.
Portanto, se Portugal não consegue convergir, se não consegue controlar a despesa pública numa altura
em que não tem limites ao défice orçamental, em que teve juros historicamente baixos durante anos seguidos
e em que tem uma taxa de investimento público baixíssima, quando é que irá conseguir?
Sr. Primeiro-Ministro, não acha que corre o risco de ficar para a história como o Primeiro-Ministro da
oportunidade perdida?
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Cotrim de Figueiredo, como sabe, qualquer que seja o meu trajeto, o seu cartaz está feito: «o Primeiro-Ministro da oportunidade perdida». Isso é garantido e,
portanto, não é pela forma de agir aqui como outdoor falante que será diferente do que dizem os cartazes.
Como tal, não vale a pena estarmos preocupados com essa matéria.
Vejo que o Sr. Deputado ficou sem saber o que a proposta do Orçamento vai propor, mas, apesar de o Sr.
Deputado não saber o que ela vai propor, ouvi bem o que disse à saída da audiência com o Governo: que vai
votar contra. Portanto, o Sr. Deputado não precisou de saber o que o Orçamento diz porque já sabe que vai
votar contra.
Aplausos do PS.
Isto tem a virtuosidade de transformar esta nossa conversa numa conversa de uma enorme transparência.
Diga o que disser o Orçamento, o senhor é contra. Há aqueles que dizem «se há Governo, sou contra», já o
Sr. Deputado é daqueles que dizem «há Orçamento, sou contra». Pronto, é uma atitude liberal!
Aplausos do PS.
De facto, nesse fantástico mundo liberal onde o Sr. Deputado gostaria de viver, não era preciso Orçamento.
Não haveria nada a tributar e muito menos a gastar. Portanto, vamos ter Orçamento para quê? Há Orçamento,
é contra, e só o felicito por isso.
Efetivamente, há um ponto que o Sr. Deputado deveria reter: o da despesa na Administração Pública. É
que mesmo que, por absurdo, o próximo Orçamento não previsse a atualização anual de salários, mesmo que
não previsse a contratação de novos funcionários que estão em falta, mesmo que voltasse a congelar as
carreiras, mesmo que tudo isso acontecesse, só com aquilo que, até agora, a Assembleia da República já
aprovou ao longo do último ano…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — … já tínhamos umas centenas de milhões de euros de aumento da despesa. E, devo dizer-lhe, sem o apoio dessa coisa terrível que são os socialistas!
Risos de Deputados do PS.
Sim, há muitas dessas propostas que aumentaram a despesa e que não foi com o voto favorável dessa
coisa terrível que são os socialistas,…