I SÉRIE — NÚMERO 16
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Estranho, não é?!
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — …hoje já ouvimos toda a gente dizer que se está a esboroar — e está!
Há três meses, era exemplar e, agora, estão a dar razão ao que sempre dissemos no Iniciativa Liberal, isto
é, que a pandemia estava a esconder os verdadeiros problemas estruturais do SNS. Portanto, gastar mais 3 ou
4 mil milhões de euros com o SNS, em 2022, do que gastava há alguns anos, só mostra que não é um problema
que se resolva atirando dinheiro para cima.
Portanto, se há coisa de que terei pena, caso não haja Orçamento do Estado aprovado amanhã, é que esta
sessão legislativa acabará e o Iniciativa Liberal não poderá apresentar o seu projeto de reforma estrutural do
SNS, como queria fazer.
Posto isto, Sr. Primeiro-Ministro, e assumindo que vamos ter Orçamento amanhã e que estava a falar a sério
quando disse que quer aprovar o Orçamento, mas não a qualquer preço, diga-me, por favor, quanto é que
custam as cedências que já fez entre a apresentação da proposta de lei de Orçamento aqui, na Assembleia da
República, no dia 11, e o dia de hoje. Quanto é que custam e quanto é que acha que ainda podem vir a custar
estas 24 horas que deu a mais à oposição de extrema-esquerda? E diga-me se vai acomodar esse acréscimo
de despesas, deixando cair o seu grande objetivo de contas certas, ou se vai aumentar mais algum imposto,
coisa que os portugueses têm o direito de saber.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, de facto, é verdade: se a maioria que se formou em novembro de 2015 se considerar esgotada e que não tem mais caminho para andar,
isso, para mim, é uma enorme frustração pessoal. Assumo isso, porque acredito, e acreditei, desde o princípio,
que esta maioria tinha um enorme potencial, um potencial que, indo muito além de desfazer aquilo que o PSD
e o CDS tinham feito, visava construir um futuro robusto para o nosso País.
Portanto, se verificar que isto não é assim, será mesmo uma enorme frustração pessoal — não tenho
qualquer pejo em reconhecê-lo.
Quanto a este Orçamento, insisto: espero que ele passe, tal como os outros seis Orçamentos, que têm
contribuído para o crescimento do País.
Ao contrário do que o Sr. Deputado diz, todas as previsões continuam a colocar Portugal a convergir com a
União Europeia, o que, aliás, acontece pela primeira vez neste século desde 2017, 2018, 2019, 2021, prevendo-
se já o mesmo para 2022. E, se olharmos para os 15 Estados-Membros antigos, somos mesmo o segundo país
com o maior crescimento de toda a União Europeia.
Protestos do IL.
Isto significa que estamos no caminho certo e que temos de continuar a prosseguir nesse caminho.
Aplausos do PS.
Por fim, Sr. Deputado, porque tenho de guardar tempo para as próximas três rondas de perguntas, queria só
dizer-lhe o seguinte: obviamente, ninguém percebe nem acha convincente que o Serviço Nacional de Saúde,
que, quando teve de enfrentar a maior crise sanitária que o País viveu, quando teve de enfrentar uma pandemia
em situação absolutamente dramática, foi unanimemente reconhecido como tendo a capacidade de responder,
esteja agora, que passou a pandemia, a atravessar esse caos, quando ainda nem a gripe chegou.
Sr. Deputado, acredita nisso ou estamos a assistir a um novo episódio de crianças a nascer nas autoestradas
até à demissão do Ministro Correia de Campos?! Receio muito que assim seja. Mas há uma dimensão que é
séria, que é real, e é por isso mesmo que prevemos continuar a investir no Serviço Nacional de Saúde.