25 DE NOVEMBRO DE 2021
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Assim é quando aplicam o PART — Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos, ou o
PROTransP — Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público.
De facto, muito tem sido o caminho palmilhado. E permitam-me que o refira eu, que venho de uma região, o
Algarve, onde a mobilidade é muito difícil para os residentes e também para quem nos visita, e que tende a ser
muito assegurada pelo transporte individual por desadequação do preço, das rotas e dos equipamentos que a
sustentam.
No Algarve, como em demais zonas do País, este Governo, numa parceria com os municípios, tem promovido
novas concessões com novas respostas, um caminho que se faz caminhando, mas que, naturalmente, é urgente
que se faça colocando os recursos financeiros ao serviço das pessoas.
Usando, por isso, como exemplo o Algarve, posso dizer-vos que a aplicação do programa PART pela
associação dos municípios traduziu-se na redução em 50% do preço dos passes de transporte público rodoviário
e ferroviário e na fixação de um preço máximo de 40 € para estes passes.
Consequentemente, tivemos, em 2019, na ferrovia um aumento de 100% no número de passes vendidos e
na rodovia esse aumento foi de cerca de 40%.
No caso do Algarve, importa também referir que a comunidade intermunicipal foi a primeira a lançar um
concurso público internacional para a concessão do serviço público de transporte rodoviário de passageiros: 98
linhas de transporte público rodoviário em toda a região, num contrato de 85 milhões de euros para o período
de cinco anos da concessão. Daqui a dias, em dezembro, no início da próxima semana, teremos uma nova
empresa, criada por obrigatoriedade concursal e que iniciará o período de exploração de serviços. Com esta
nova concessão surgirá a marca VAMUS – Transportes do Algarve, que passará a estar presente em todo o
sistema de transportes, uma rede regular existente que terá algumas adaptações estudadas para dar resposta
a necessidades identificadas por quem as conhece; será possível a disponibilização de serviço de transporte a
pedido para locais com 40 ou mais habitantes que não sejam servidos pela rede regular; existirá o serviço de
AeroBus, que irá permitir a ligação direta do aeroporto a algumas das principais cidades do Algarve, e o
transporte gratuito de bicicletas nas linhas de transporte no eixo da Ecovia do Litoral e da EuroVelo 1. É de
salientar, também, a renovação da frota de autocarros e a disponibilização de wi-fi gratuito a bordo, bem como
de condições reais de acessibilidade a utilizadores portadores de deficiência.
Aos municípios caberá fiscalizar e garantir que o contrato é cumprido e, à semelhança do que acontece nas
Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, os municípios do Algarve estão a negociar um passe intermodal
para que haja transbordos entre meios de transporte, levando mais pessoas a utilizar os transportes públicos.
Sabemos, e todos temos consciência disso, que o País tem realidades muito diferentes das da Área
Metropolitana de Lisboa ou da do Porto em termos de mobilidade. Por isso também sabemos que para dar
resposta às populações e adequar o serviço de transporte público às suas necessidades implica olhar de perto
para os problemas, lado a lado com quem conhece o território.
Descentralização, proximidade, coerência, eficácia e, claro, contas certas são o caminho. Só assim
conseguiremos promover a transição climática com maior justiça social.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Silva, do PSD.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Vem, o Partido Ecologista «Os Verdes», a propósito de boas intenções, propor um debate que visa contribuir para o fomento da utilização dos transportes
coletivos.
O PSD não tem qualquer dúvida quanto à relevância de ordem ambiental e social que a discussão destes
temas possa representar para a evolução das políticas públicas. Assim, no que toca às alterações climáticas e
à minimização dos seus riscos, estamos perante uma emergência que a todos deve preocupar, sendo o setor
dos transportes um dos que mais contribui para as emissões de gases com efeitos de estufa.
É absolutamente crítico para o planeta que se promova a diminuição do uso do automóvel particular, com a
transferência da mobilidade das populações para a utilização dos transportes coletivos.