I SÉRIE — NÚMERO 29
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não faz sentido que uma lei que prevê a sua entrada em vigor excecionalmente nestas circunstâncias não
preveja, ao mesmo tempo, a cessação da sua vigência.
Gostaria de dizer, em relação a isto, que o CDS também não se oporá a esta matéria e votará favoravelmente,
sublinhando, de resto, que, ao longo de toda a pandemia, a nossa posição foi sempre, também, uma posição
de responsabilidade, uma posição, por assim dizer, de prudência e cautela. E a responsabilidade, a prudência
e a cautela, perante a evidência de uma quinta vaga, do aumento de contágios, da reincidência da pandemia,
do que está a acontecer em toda a Europa, obviamente, do nosso ponto de vista, fazem sentido.
Dito isto, no entanto, chamo a atenção para algumas coisas, desde logo para os conceitos, porque é evidente
que este diploma dá margem ao Governo, mas também é evidente que estes conceitos têm de ser clarificados
e têm de ser percetíveis para a própria população. Ou seja, quando se diz, por exemplo, «sempre que não for
possível o distanciamento físico», convém que os portugueses interpretem bem o que está em causa, em que
circunstâncias é que esta lei se vai efetivamente aplicar, em que circunstâncias é que o uso de máscara é, de
facto, indispensável e obrigatório.
Por outro lado, um dos erros fundamentais cometido nas vagas anteriores, e falámos disso ainda agora, a
propósito do relatório da Comissão Eventual sobre a pandemia, foi, precisamente, o das falhas de comunicação,
porque, a certa altura, as pessoas não sabem o que é suposto, não sabem o que é necessário, não sabem como
devem proceder. E é preciso ter muito cuidado com isto, porque alguns destes conceitos não são claros, alguns
destes conceitos são relativamente indeterminados e a comunicação, como aqui foi dito, sobretudo em relação
aos jovens — e pode estar aqui um risco importante, se a comunicação não for eficaz —, tem de ser percetível.
Portanto, que não se repitam, nesta matéria, e estou a pensar, por exemplo, no artigo 4.º, esses mesmos erros,
que não se repitam muitos dos erros de 2020 e que haja uma prudência que nos permita não ter de voltar a
situações mais drásticas, não ter de voltar a um confinamento.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A prioridade, neste momento, no que toca à pandemia, deve ser a vacinação e o reforço do Serviço Nacional de Saúde, e a vacinação não só a nível
nacional, intensificando o ritmo dessa vacinação, para o qual são precisos muito mais recursos do que aqueles
que existem atualmente, mas também a nível internacional, para não sermos surpreendidos, como, pelos vistos,
todo o mundo está a ser, com o aparecimento de novas variantes. Portanto, é bom não esquecer a luta pelo
levantamento das patentes, que é absolutamente fundamental.
Neste momento, essas devem ser as prioridades. Aliás, há um ano, não tínhamos sequer o instrumento da
vacina para aplicar. Todos nos lembramos de que, em Portugal, ela começou a ser aplicada já no final do ano e
com uma intensidade maior só em janeiro ou fevereiro deste ano. Este ano, temos a vacina e esta é a prioridade
no combate à pandemia.
Quanto às propostas sobre a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos ao ar livre, porque é
disso que se trata, não nos parece, neste momento, no dia de hoje, nestas condições, a medida mais
proporcional e mais adequada.
Primeiro, porque temos de incentivar exatamente a atividade ao ar livre, porque toda a gente sabe que numa
doença respiratória é muito mais segura a atividade ao ar livre do que em espaços fechados e confinados.
Segundo, porque ter medidas que preveem coimas significativas pode não ser a melhor forma para fazer com
que a população adira de forma voluntária a comportamentos de maior precaução e prevenção. Isto aos dias de
hoje.
No entanto, é difícil prever a evolução da pandemia nas próximas semanas, é difícil prever se serão
introduzidas em Portugal ou não novas variantes, é difícil prever o ritmo da vacinação, é difícil prever a real
eficácia da dose de reforço e, portanto, também não queremos que o Governo fique sem instrumentos adicionais,
se forem necessários e se for necessário aplicá-los.
Desse ponto de vista, o Bloco de Esquerda abster-se-á, nesta proposta de projeto de lei que é trazida pelo
Grupo Parlamentar do Partido Socialista, exatamente porque nos parece que, no imediato, a prioridade deve