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I SÉRIE — NÚMERO 29

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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quando esta possibilidade se colocou, agarrei-a de imediato. E agarrei-a por uma razão muito simples: creio, sinceramente, que não há, como

se costuma dizer, duas oportunidades para causar uma última boa impressão.

Dito isto, não quero fazer desta uma nova oportunidade para o confronto político e também não quero dizer

muito sobre as razões da saída. Sobre estas digo-vos apenas que, pensando até no meu partido, saio com

saudades do futuro.

Queria testemunhar que, como disse V. Ex.ª, Sr. Presidente, 22 anos não são dois meses, nem 22 meses.

No meu caso, são até mais do que 22 anos, porque a minha ligação ao Parlamento começou, para os que não

saibam, nesta mesa que está aqui em baixo, no meio de vós, onde estão os redatores — era eu estudante da

Faculdade de Direito, colega de António Filipe e de António Costa, e adversário dos dois. Fui redator e, depois

disso, fui assessor do meu grupo parlamentar.

Portanto, em bom rigor, não são 22 anos, mas serão 30 ou mais anos e, por isso, sei bem o que é trabalhar

nesta Casa. Tive quase todas as funções, menos o lugar de V. Ex.ª, Sr. Presidente, embora tenha presidido a

sessões enquanto Vice-Presidente. Sei o que é ser funcionário desta Casa, sei o que é ser assessor parlamentar

e sei uma coisa muito importante: é que sem os inexcedíveis funcionários desta Casa e sem as empenhadas

assessorias dos grupos parlamentares, o nosso trabalho, aqui, não seria aquele que é.

Aplausosgerais.

Querotambém, Sr. Presidente, deixar uma palavra àqueles que — e é assim no nosso sistema político —

confiaram em mim para que aqui pudesse estar, designadamente, o Presidente do CDS que tantas vezes confiou

em mim, Paulo Portas, mas também a Presidente do CDS, Assunção Cristas. Também graças a eles pude estar

aqui este tempo.

Estive aqui com grandes Presidentes da Assembleia da República: Almeida Santos, com a sua inteligência

e a sua cultura; Mota Amaral, com o seu rigor e a sua integridade; Assunção Esteves, com a sua qualidade

jurídica e a sua generosidade; e V. Ex.ª, um homem de convicções e de grande experiência. Mas permitam-me,

sem levarem a mal, que, de entre todos, destaque aquele de quem fui Vice-Presidente, com quem tanto aprendi

e que nunca esquecerei, o Presidente Jaime Gama.

Aplausos do CDS-PP, do PS e do PSD.

Sr.as e Srs. Deputados, queria dizer-vos que saio daqui, creio, com amigos em quase todas as bancadas e

com a consciência de que aqui dentro somos todos adversários e não há inimigos.

Aquilo que nos divide, aquilo que mais nos separa, que são as nossas convicções, a nossa forma de olhar

para Portugal, tão diferente nas bancadas da esquerda ou nas bancadas da direita, é simultaneamente aquilo

que nos une, no confronto e no debate. E o que permite isso mesmo, isto é, que aquilo que nos separa seja

aquilo que nos une, é obviamente a democracia. Refiro-o na pessoa dos líderes parlamentares que fui

conhecendo ao longo do tempo, e alguns estão aqui hoje, não sendo líderes parlamentares, e àqueles que são

hoje líderes parlamentares quero dizer, nessa ideia de que há adversários e não há inimigos, que posso

testemunhar, em relação a cada um deles — e alguns pensam exatamente o contrário do que eu penso sobre

o futuro do nosso País —, que encontrei em todos pessoas sérias, pessoas íntegras, pessoas empenhadas e

pessoas que defendem seriamente, até às últimas consequências, as suas convicções. E é por isso que são

adversários e não inimigos.

Deixo esta palavra, agradecendo a todos os líderes parlamentares.

Com este espírito, deixo-vos, mesmo a terminar, Sr. Presidente, dois ou três pedidos. O primeiro dirijo-o às

bancadas mais à esquerda: gostaria que me fizessem justiça e que, no futuro, se vier a propósito, digam de mim

«aquele não era fácil, deu-nos trabalho, foi dos complicados».

Risos do Deputado do BE José Manuel Pureza.

Acho que é uma justiça que me fazem e que gostaria que assim fizessem.