I SÉRIE — NÚMERO 30
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Por outro lado, haverá uma discussão sobre a nova Autoridade da União Europeia de Preparação e
Resposta a Emergências Sanitárias. Por proposta de Portugal, haverá, nas conclusões do Conselho, uma
referência expressa à necessidade de mantermos, no que diz respeito à governação económica e à gestão
flexível dos fundos europeus, as normas que adotámos agora, no quadro da gestão de crises, para melhoria
da resiliência.
O terceiro ponto tem que ver com a questão dos preços da energia. Portugal insistirá, sobretudo, em dois
pontos fundamentais: por um lado, a necessidade de acelerar a transição energética, como é exemplo a
própria fixação de preços em Portugal, pois é mesmo acelerando a transição energética que reduzimos
sustentadamente o custo da energia para os consumidores; por outro lado, como o estudo da Agência de
Cooperação dos Reguladores da Energia demonstrou, Portugal é um dos Estados-Membros mais expostos à
variação dos preços, fruto do baixo nível de interligações de Portugal com Espanha e do conjunto da
Península Ibérica com a França.
Este é um tema que se arrasta há excessivo tempo e é um tema para o qual é essencial encontrar
soluções no quadro europeu.
Gostaria de recordar que Portugal cumpriu escrupulosamente os compromissos que assumiu, com a
antecipação do encerramento das centrais de produção de eletricidade a carvão. Portanto, é altura de a
França cumprir as obrigações que também assumiu, ao permitir o aumento das interconexões.
Isto é absolutamente essencial para o nosso mercado, mas, sobretudo, para que os países do centro da
Europa possam ter um adequado mix energético e para reforçar a segurança energética da Europa.
Nesse sentido, insistiremos, mais uma vez, na necessidade de a Europa não poder estar exclusivamente
dependente do gás proveniente da Rússia e da Argélia e de não poder desperdiçar a porta que Sines constitui
para o abastecimento de GNL (gás natural liquefeito). Sendo que o gás vai continuar a ser, necessariamente,
uma energia de transição por muitos anos, essa relação transatlântica ancorada em Sines é da maior
importância para a segurança energética da Europa, seja pela relação com os Estados Unidos, seja pela
relação com o conjunto do continente africano.
Haverá uma discussão bastante diversificada sobre os temas da segurança e defesa, e também sobre as
questões de política externa.
No que diz respeito às questões de segurança e defesa, Portugal considera a primeira versão da Bússola
Estratégica uma boa base de trabalho. Temos insistido em dois pontos: por um lado, que fique clara a relação
insubstituível de parceria entre a União Europeia e a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e, por
outro lado, na necessidade da valorização da temática da segurança marítima.
No que diz respeito às relações internacionais, há uma multiplicidade de temas, que vão desde a situação
na Bielorrússia com a utilização absolutamente imoral de pessoas como escudo ou arma de pressão, à tensão
existente em torno da Ucrânia e, também, às questões relativas às relações da União Europeia com a União
Africana, havendo, ainda, um ponto específico sobre a questão da Etiópia.
Há um ponto que consideramos da maior importância, que tem a ver com os aspetos externos das
migrações. Tal como Portugal tem defendido, é absolutamente crucial para a regulação das migrações a
execução dos planos de ação com os países de origem e com os países de trânsito. Há oito que já estão
concluídos, com o Níger, com a Nigéria, com o Iraque, com o Afeganistão, com a Tunísia, com a Bósnia-
Herzegovina, com Marrocos e com a Líbia. É essencial, para a adequada gestão das migrações, que estes
planos de ação sejam efetivamente executados.
Numa rápida síntese, é este o conjunto de temas que serão abordados no Conselho Europeu da próxima
semana.
Estou, naturalmente, à disposição das Sr.as e dos Srs. Deputados para responder às questões que, na fase
de debate, queiram colocar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para intervir, pelo Grupo Parlamentar do PS, a Sr.ª Deputada Edite Estrela.