I SÉRIE — NÚMERO 1
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O SNS é um exemplo de solidariedade. Ao pagar os nossos impostos, quando alguém está doente, todos
nós, enquanto sociedade, contribuímos para o tratamento dos outros. Esta solidariedade é um dos pilares da nossa democracia e da nossa justiça social.
Para além disso, o SNS é o investimento no nosso futuro. Se garantirmos que todos têm acesso a cuidados de saúde de qualidade, estamos a investir na educação, na produtividade e na coesão social. Estamos a construir uma sociedade mais forte, mais saudável e mais resiliente.
Aplausos do PSD. Risos do Ministro da Saúde. Mas, Sr.as e Srs. Deputados, este SNS já não existe. O SNS atravessa uma crise profunda, a maior das
últimas duas décadas. Os profissionais, o grande capital do SNS, não têm condições de trabalho e estão desmotivados e exaustos. No SNS, proliferam os elevados tempos de resposta nas listas de espera para consultas e cirurgias e os
diagnósticos teimam em continuar a chegar atrasados. Ao SNS, enfim, os doentes, especialmente os mais desfavorecidos, têm cada vez mais dificuldade de aceder. Por isso, ou o Governo inverte rapidamente a sua ação, em vez de meros números de propaganda ou
anúncios inconsequentes de que, daqui a um ano, já ninguém se recorda, ou veremos a degradação do SNS agravar-se ainda mais no futuro, colocando em causa a própria sustentabilidade do nosso Estado social.
Lembro, Srs. Deputados, uma das últimas frases do Dr. António Arnaut, que hoje aqui tão merecidamente foi citado: «A reforma do SNS é, sobretudo, uma exigência ética da civilização. Não é justo que as pessoas sofram e morram por falta de assistência médica.»
Aplausos do PSD. Mas este é que é o problema. O Governo não reforma, o Governo não planeia a longo prazo, não mede
resultados, faz anúncios de supetão, correndo o risco de, por vezes, uma boa ideia se transformar em mais uma aposta falhada.
No PSD, recusamos as políticas de régua e esquadro e não acreditamos em soluções milagrosas que, depois, na prática, não trazem nenhuma melhoria efetiva, não alargam a oferta de cuidados às populações e correm até o risco de frustrar ainda mais os profissionais de saúde.
É o que parece estar a acontecer com o novo regime da dedicação plena, que dá menos do que aquilo que promete e piora substancialmente as condições de trabalho dos profissionais.
É o que parece acontecer no diploma das unidades de saúde familiar e, agora, na universalização das unidades locais de saúde por todo o País.
O Governo continua a legislar nas costas das ordens profissionais, sem falar com os sindicatos, sem envolver aqueles que estão, todos os dias, no terreno, a impedir que o SNS se desmorone de vez.
Aplausos do PSD. O Sr. PauloMarques (PS): — Agora é preciso fazer! O Sr. Presidente (Adão Silva): — Sr. Deputado, tem de concluir. O Sr. PedroMeloLopes (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, vou concluir, com o tempo que
ainda me resta, para dizer, muito simplesmente, que o PSD está onde sempre esteve: do lado dos portugueses, a lutar pela dignidade do tratamento dos nossos doentes.
O PSD defende o que sempre defendeu: um SNS onde os cidadãos tenham liberdade de escolha…