I SÉRIE — NÚMERO 2
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O Sr. Rui Tavares (L): — Esse cidadão teria problemas com a justiça, mas não teria uma coisa que o Chega tem, que é a oportunidade de usar a figura constitucional e regimental da moção de censura para desviar as
atenções, conseguindo acabar com os debates quinzenais que, com esforço, voltámos a introduzir nesta
Câmara…
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Oh!
O Sr. Rui Tavares (L): — … e, conseguindo que neste debate, até agora, ainda ninguém tenha condenado a farsa moral que é esta moção de censura, apresentada desta maneira para desviar as atenções da pantomima
que representa o Chega e o seu populismo na política portuguesa.
Aplausos do PS.
Protestos do CH.
Mas do Chega, evidentemente, não esperamos honestidade intelectual. Nunca esperámos!
O Sr. André Ventura (CH): — Claro!
O Sr. Rui Tavares (L): — Da Iniciativa Liberal é um bocadinho diferente, porque o que eu ouvi aqui, na primeira sessão plenária desta Sessão Legislativa, é que a IL, porque não concorda com o Presidente Lula sobre
o Tribunal Penal Internacional — nota: eu também não concordo! —, o homem não pode ser convidado, nem
pode cá vir.
Protestos da IL e do CH.
Porque não concorda com a gestão que Graça Freitas, como Diretora-Geral da Saúde, fez da pandemia,
vota contra um louvor a 40 anos de dedicação à causa pública — porque é de princípio, não pode nem sequer
votar a favor. Mas, quando se trata da extrema-direita, um candidato a vice-presidente da extrema-direita será
péssimo, mas votamos a favor; uma moção de censura da extrema-direita é péssima, mas votamos a favor.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, o seu tempo terminou.
O Sr. Rui Tavares (L): — Onde é que está a coerência? A coerência só está numa coisa: naquilo que é ataque à esquerda, a Iniciativa Liberal vai atrás da extrema-direita, porque sofre a força dessa concorrência.
Risos do CH.
E depois diz: «Queremos que este Governo caia e queremos o Chega longe do Governo».
O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado tem de concluir.
O Sr. Rui Tavares (L): — Tem bom remédio: desligue-se do acordo que tem nos Açores, no qual o Chega também está, e deixe claro que nunca fará um igual na Madeira.
O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Já acabou!
O Sr. Rui Tavares (L): — Termino, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: Sr. Primeiro-Ministro, vai mudar a política orçamental do nosso País nos próximos anos? Faço esta pergunta porque o Governo está apostado, e
acreditamos que seja possível, em que Portugal passe a ser um País de superavit. Quando éramos um País de
défices, todos os anos discutíamos aqui o pacto de estabilidade e crescimento.