I SÉRIE — NÚMERO 5
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Resolvemos, com determinação, o presente. Empenhamo-nos para que Portugal não chegue nunca à situação dramática de falta de professores que já afeta vários países no mundo.
Aplausos do PS. O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate em nome do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos. A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo
veio a este debate como se o início do ano letivo estivesse a correr belissimamente, mas não está. Não tem qualquer correspondência com a realidade a retórica que o Governo aqui trouxe, só mesmo na sua cabeça.
Como pode estar tudo bem quando há mais de 90 000 estudantes sem professor a todas as disciplinas? Ficámos a saber que, para o Sr. Ministro, não é uma situação dramática. Então não é? Estudantes que não têm todos os professores, turmas que não têm seis ou sete professores, não considera que é dramático? Bastava que um não tivesse. Isto revela bem o posicionamento e a opção do Governo relativamente aos problemas da escola pública.
Aplausos do PCP. Como pode estar tudo bem quando há estudantes do ensino superior que não encontram quarto porque os
custos são incomportáveis? Sr.ª Ministra, até podem saber mais cedo as colocações, mas, se não encontrarem um quarto que lhes permita frequentar o ensino superior, o Governo está a empurrar estes estudantes para o abandono. É isso que queremos evitar, e foi por isso que trouxemos este debate à Assembleia da República, para exigir soluções e respostas para os problemas que afetam a educação no nosso País.
Inicia-se um novo ano com velhos problemas. É inconcebível que o Governo não tenha tomado as medidas estruturais para lhes dar resposta.
Perante a evidente degradação da escola pública, decorrente das opções políticas de direita prosseguidas por PS, PSD e CDS e acompanhadas pela Iniciativa Liberal e pelo Chega,…
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — É tudo e mais alguma coisa! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … que se traduziram no desinvestimento, no ataque aos direitos dos
trabalhadores, o Governo confirmou hoje, neste debate, que vai prosseguir o caminho que nos trouxe até aqui. O Sr. Bruno Nunes (CH): — E a geringonça? Como é que é possível?! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Não trouxe soluções para ultrapassar o problema da falta de professores. Vai
o Governo valorizar as carreiras e as remunerações dos docentes, para que os professores regressem ao ensino, ou para que os jovens optem pela formação para a docência? Não assumiu nenhum compromisso. Se não o fizer, o problema tenderá a agravar-se, e aquilo que já hoje é dramático será ainda mais grave.
Um dos aspetos de maior justiça é o reconhecimento do tempo de serviço trabalhado. Não aceitamos o apagão dos 6 anos, 6 meses e 23 dias que o Governo quer impor.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Quanto à precariedade que grassa no ensino básico e secundário e no ensino
superior, mais uma vez, o Governo «enfia a cabeça na areia», como se não fosse nada consigo e como se não tivesse a responsabilidade de garantir direitos, estabilidade e condições de trabalho.
E o que dizer das camas que não saem do papel? Há tudo, como há bocado ouvíamos — programas, edifícios, até mosteiros —, o que não há mesmo são as camas necessárias para que os estudantes tenham condições para frequentarem o ensino superior.
Aplausos do PCP.