I SÉRIE — NÚMERO 12
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Aliás, a gravidade é maior quando temos presente que, nos últimos anos, as tentativas de suicídio
aumentaram entre nós cerca de 30 %. Este é um problema demasiado grave para continuar a ser vivido em
silêncio, porque os números são tão violentos como a dor.
No entanto, esta é uma causa de morte que pode e que deve ser evitável. Por isso, temos a obrigação de
fazer tudo o que seja possível para prevenir, para informar, para ajudar e para tratar. Na esmagadora maioria
dos casos, o suicídio resulta de uma situação de grave doença mental ou de um profundo sofrimento psicológico.
Calculam os especialistas que o principal fator de risco para o suicídio é a doença mental, sendo essa a
circunstância de mais de 80 % das pessoas que põem termo à sua própria vida.
Para a ONU, os principais fatores de risco que estão correlacionados com comportamentos suicidas são,
ainda, o desemprego, os abusos de substâncias, as dificuldades económicas, o isolamento social e as
dificuldades de acesso à assistência médica.
Aplausos do PSD.
O suicídio é, atualmente, um problema de saúde pública em Portugal e a sua prevenção deve ser um desígnio
nacional. Por isso, o Estado deve disponibilizar os recursos necessários para permitir o acesso a cuidados de
saúde mental. Mas esta é uma área que não pode, nem deve, ser exclusiva da responsabilidade da saúde. À
semelhança do que sucede nos países mais desenvolvidos, as políticas de prevenção do suicídio devem ser
cada vez mais multissetoriais, envolvendo também a educação, o trabalho, o desporto, a segurança, a
solidariedade social, a comunidade e as autarquias.
É importante que todos estejamos conscientes e mobilizados para esta realidade e, sobretudo, disponíveis
para ajudar o outro, que tantas vezes tem vergonha de pedir a ajuda de que precisa.
Ora, apesar das muitas promessas feitas, o Governo socialista não tem resultados positivos para apresentar
no domínio do combate e prevenção do suicídio. Basta lembrar que, segundo os últimos dados oficiais do
Ministério da Saúde, no portal da transparência, o tempo médio de espera por uma consulta geral de psiquiatria,
por exemplo, no Hospital Distrital de Santarém, é de 11 meses.
Aplausos do PSD.
Nos hospitais de Chaves e de Portalegre, os doentes esperam oito meses por uma consulta. Para a
especialidade de psiquiatria da infância e da adolescência, são sete meses e meio de espera no hospital de
Loures, oito meses no hospital de Aveiro, nove meses no hospital de Santarém e mais de um ano no Hospital
de Braga. Repito: mais de um ano de espera por uma simples consulta de psiquiatria de infância e adolescência,
Srs. Deputados!
A Sr.ª Inês Barroso (PSD): — Vergonha!
O Sr. Guilherme Almeida (PSD): — Infelizmente, esta é a triste realidade que deveria embaraçar o Sr.
Ministro da Saúde, mas, pelo que ontem vimos no debate de urgência sobre o estado catastrófico em que se
encontra o Serviço Nacional de Saúde, já não há nada que possa impressionar e envergonhar o Sr. Ministro da
Saúde.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Guilherme Almeida (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o PSD viabilizará as iniciativas hoje em
discussão e fazemo-lo não necessariamente por concordarmos com todas as propostas nelas contidas, mas
porque o País precisa e merece o sinal de que este Parlamento se preocupa com a saúde mental dos
portugueses e não baixa os braços no combate da prevenção do suicídio.
Aplausos do PSD.