I SÉRIE — NÚMERO 12
20
O Sr. Gabriel Mithá Ribeiro (CH): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, saudando, também, os
representantes dos subscritores da petição pela remoção total do amianto nas escolas públicas, a associação
ZERO, o Movimento de Escolas Sem Amianto (MESA) e a FENPROF (Federação Nacional dos Professores):
O partido Chega suporta essa iniciativa cívica com a apresentação de um projeto de lei próprio, o Projeto de Lei
n.º 913/XV/2.ª (CH) — Por uma remoção eficiente e segura do amianto em infraestruturas públicas.
Os peticionários solicitam, e cito: «que sejam tomadas as necessárias medidas destinadas a…» — e sublinho
— «…impor ao Governo». Repito: «impor ao Governo».
Saudamos o interesse consensual do Parlamento em enfrentar o problema, uma vez que todos os partidos
apresentam propostas, mas os demais partidos políticos apresentam projetos de resolução, quando um projeto
de resolução se limita a fazer recomendações ao Governo. Apenas o partido Chega apresenta um projeto de
lei. A lei é uma imposição, não é uma mera recomendação.
O amianto é um material fatal para os seres humanos e o problema persiste em edifícios públicos como
hospitais, escolas, infraestruturas militares e também infraestruturas das forças de segurança.
Não há desculpas para a longa inércia do Governo. Desde 2011 que a lei impõe a solução do problema.
Estamos em 2023; é facílimo impor tudo e mais alguma coisa à sociedade, aos cidadãos comuns, mas quando
o Estado tem a obrigação de dar o exemplo no cumprimento da lei — no caso, em nome da defesa da saúde
pública —, o universo político transforma-se num escudo protetor da inércia do Estado: recomenda, desculpa,
tolera e facilita. Tolerar o poder abusivo do Estado sobre a sociedade é ser cúmplice da má governação.
Nós apoiamos os projetos de resolução de todos os outros partidos políticos hoje em discussão, mas é a
imposição efetiva da lei que leva ao abandono de práticas erradas.
Há uma frase lapidar de Max Weber que nos deve fazer meditar. Cito a frase: «Em geral, o resultado final da
ação política se encontra numa relação absolutamente inadequada e muitas vezes até paradoxal com o seu
sentido originário». Uma coisa são as intenções e as ações dos governantes, outra coisa, muito diferente, são
os resultados dessas ações e intenções a médio e a longo prazos. O Partido Socialista representa, em Portugal,
a mais longa e grave dissonância entre um e outro extremo.
Anoto que 2005 foi o ano da viragem na utilização do amianto, pois o Decreto-Lei n.º 101/2005 proibiu a sua
utilização. Em 2011, a Lei n.º 2 veio impor, e volto a citar: «procedimentos e objetivos com vista à remoção de
produtos que contêm fibras de amianto…» — e sublinho o que se segue — «…ainda presentes em edifícios,
instalações e equipamentos públicos». Quer isto dizer que a lei de 2011 supunha que se estava em fase de
extinção do amianto.
No longo intervalo entre 2005 e 2023, a questão ainda não se resolveu e o Partido Socialista, o PS, já vai na
sua segunda maioria absoluta. O Partido Socialista leva, neste período, 14 anos de Governo. A bancada do PS
aproveita a cultura parlamentar de tolerância à inércia e também faz, hoje, umas meras recomendações ao seu
Governo para que acelere a resolução do processo de remoção do amianto. Chega de política da fala vazia e
chega de leis que não se cumprem. Solicito a todas as bancadas parlamentares que avaliem a importância de
apoiar…
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Gabriel Mithá Ribeiro (CH): — Concluo já, Sr. Presidente.
Solicito a todas as bancadas parlamentares que avaliem a importância de apoiar o único projeto de lei em
discussão, o do Partido Chega. O nosso projeto não é contra nenhum outro partido político, é apenas em defesa
da saúde pública dos portugueses.
Aplausos do CH.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para apresentar a sua iniciativa, tem agora a palavra o Sr. Deputado Rui
Tavares.
Pausa.
O Sr. Deputado Rui Tavares, afinal, não está presente na Sala.