13 DE OUTUBRO DE 2023
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O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero, em primeiro lugar, cumprimentar os cerca
de 32 000 peticionários que vêm solicitar à Assembleia da República que aos enfermeiros seja reconhecido o
direito do acesso ao estatuto de profissão de alto risco e de desgaste rápido.
É nesse sentido que o PCP também traz aqui um projeto de resolução, que visa definir e regulamentar um
regime laboral e de aposentação específico para os enfermeiros.
O PCP reconhece que os enfermeiros, pelas características das suas funções, das suas competências e das
suas condições de trabalho, da pressão a que estão sujeitos e do stresse que muitas vezes enfrentam, têm
associados à profissão uma penosidade e um risco que importa que sejam devidamente reconhecidos. Aliás,
entendemos que, a médio e longo prazos, esses efeitos são muito negativos na saúde física e mental dos
enfermeiros.
Consideramos que o stresse e a pressão a que estão sujeitos, acrescidos do desgaste físico e emocional,
estão inteiramente relacionados com as suas condições de trabalho.
É nesse sentido que entendemos que, se o reconhecemos — e já temos evidências de que já foi reconhecido,
até por legislação anterior que foi revogada —, importa fazer tudo para minimizar, desde logo, o risco da
penosidade da profissão de enfermagem. Tem de ser uma realidade, nomeadamente no que diz respeito aos
horários de trabalho, à segurança, à saúde ocupacional ou à prevenção dos riscos profissionais, com o objetivo
de garantir a prestação de cuidados de saúde com qualidade, sendo igualmente importante, melhorar as
condições de aposentação dos enfermeiros.
Por isso, apresentamos este projeto de resolução, que deve ser articulado com as organizações
representativas dos trabalhadores. O Governo deve dar um espaço para essa negociação, encontrar respostas
necessárias e reais às legítimas reivindicações dos enfermeiros, definindo e regulamentando o regime laboral
de aposentação específico para estes profissionais, sem penalização.
Nesse sentido, apresentamos este projeto de resolução. Entendemos que a luta dos enfermeiros é justa e,
por isso, podem contar com o PCP para levar para a frente essa luta. Disse.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Passamos agora às intervenções, sendo a primeira do Grupo Parlamentar
da Iniciativa Liberal. Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Castro.
A Sr.ª Carla Castro (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Cumprimento, em especial, os 32 000
peticionários, um número que é expressivo num exercício extraordinário e exemplar de cidadania.
Comecemos pela situação na saúde. Hoje tivemos a publicação dos Estatutos da Direção Executiva do SNS,
que, à própria data da publicação, já estão atrasados e não estão isentos de polémica. Ainda ontem tivemos
aqui um debate sobre saúde, com nada de conclusivo, e há mais de um ano que a Iniciativa Liberal fala do «SOS
SNS», e assim continua.
Passámos de um ministério da saúde para um ministério da doença, ou seja, para uma situação de um
ministério a gerir a urgência e a emergência. Ainda recentemente, o Global Health falava sobre isto assim
mesmo, e os enfermeiros não são obviamente uma exceção a esta situação.
Sobre as profissões de desgaste rápido, temos vindo a receber pedidos, sob a forma de petições, audições
e outras formas de consideração de profissões de desgaste rápido.
Já debatemos este tema aqui em Plenário e a Iniciativa Liberal mantém a sua posição: muitos dos motivos e
a argumentação são atendíveis. Todos merecem uma avaliação séria e rigorosa. É importante garantir que a
atuação e a legislação não criem, elas mesmas, injustiças ou dualidade de critérios.
Em debate anterior, foi referido pela bancada socialista que estava a ser feito um estudo transversal.
Aproveito para anunciar que a Iniciativa Liberal vai dar entrada de uma pergunta para obter junto do Governo
um cabal esclarecimento sobre o resultado deste grupo de trabalho.
Atualmente, o Código do Trabalho não prevê qualquer definição sobre profissão de desgaste rápido e é, sim,
preciso trabalhar nestes critérios. Se há um trabalho em curso, é preciso que seja conhecido, para o trabalho
dos grupos parlamentares, para a comissão, em específico, e, sobretudo, para os milhares de profissionais que
são abrangidos por este tema.