I SÉRIE — NÚMERO 12
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Relativamente à petição e à iniciativa apresentada pelo PSD, importa referir que a iniciativa vem instar o
Governo e o Partido Socialista a fazerem aquilo a que se comprometeram em 2020, há mais de três anos:
estudar as profissões de desgaste rápido.
Todos sabemos que o desgaste rápido é uma característica inerente a algumas profissões e decorre das
suas especificidades, nomeadamente da rotatividade de turnos ao trabalho noturno, ao stress, associado mais
a umas profissões do que a outras.
Atualmente são várias as profissões que pelas suas especificidades estão sujeitas a regimes especiais já
consagrados em diplomas próprios, como é o caso das bordadeiras da madeira, dos controladores de tráfego
aéreo, das profissões de bailado clássico ou contemporâneo, os praticantes desportivos e muitas outras. É de
referir que, nos últimos anos, têm chegado ao Parlamento, também por meio de petições, várias solicitações
para a consideração de novas profissões como profissões de desgaste rápido, nas áreas da saúde, como é o
caso, como já referi, dos enfermeiros, hoje em discussão, mas também da proteção civil, dos transportes e
aviação, órgãos policiais, trabalhadores por turnos, entre outras.
O Partido Social Democrata entende que urge estabelecer as regras exatas para a definição dos padrões de
profissões de desgaste rápido, garantindo assim a justiça e equidade na qualificação das diversas profissões.
Para o PSD, todas as solicitações merecem uma avaliação séria e rigorosa, de forma a evitar situações
geradoras de injustiça ou de dualidade de critérios. Ainda em março de 2023, o Partido Social Democrata
apresentou uma iniciativa, que o Partido Socialista decidiu chumbar, e essa iniciativa já recomendava ao
Governo a realização de um estudo para definir os critérios das profissões de desgaste rápido.
Aplausos do PSD.
Aliás, importa lembrar esta Câmara que o Partido Socialista, na altura, votou contra esta iniciativa, justificando
esse voto contra com a apresentação de um estudo até ao final do ano.
Estamos em outubro, quase no final do ano, e pouco ou nada se ouviu falar nesse estudo. Não sabemos
quem são as pessoas que o estão a realizar, não sabemos qual é a fase em que está e também desconhecemos
se realmente esse estudo vai, ou não, ser apresentado até ao final deste ano.
E falo, Srs. Deputados do Partido Socialista, porque, no Orçamento do Estado para 2024 — já estive a
analisar o documento —, não existe uma única palavra a lembrar os enfermeiros, não existe nenhuma palavra
sobre o desgaste rápido das profissões. É, no mínimo, estranha esta ausência de referências, tendo em conta
o facto de o estudo estar em fase de elaboração e de, noutras áreas, referirem que estão a efetuar estudos.
Porque é que nesta área não fazem qualquer referência?
Aplausos do PSD.
Protestos do Deputado do PS Nelson Brito.
Sr.as e Srs. Deputados, o PSD defende um estudo científico, multidisciplinar e imparcial, que analise,
identifique e fundamente os critérios a serem definidos de forma a considerar que uma profissão possa ser
enquadrada, ou não, no desgaste rápido. Com base nesse estudo, deve ser definido o enquadramento legal
geral destas profissões e a respetiva regulamentação.
Assim, o PSD propõe ao Governo que apresente as conclusões do estudo sobre as profissões de desgaste
rápido, defina o enquadramento legal das profissões de desgaste rápido, defina ainda os critérios para atribuição
da qualificação de profissões de desgaste rápido e identifique um elenco exemplificativo de tais profissões e
proceda à regulamentação do seu enquadramento.
E, para concluir, importa, Sr.as e Srs. Deputados, perceber se o Partido Socialista está, ou não, disponível
para entrar neste debate e fazer uma discussão séria sobre esta matéria.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para apresentar a iniciativa do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra
o Sr. Deputado João Dias.