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I SÉRIE — NÚMERO 16

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argumentos da melhoria dos cuidados de saúde à população. Ao contrário, eles mostram que o tempo médio de

internamento até à alta médica dos doentes das unidades locais foi superior ao dos hospitais não integrados em

ULS, que não existiram ganhos ao nível da coordenação entre cuidados de saúde primários e cuidados de saúde

hospitalares, nomeadamente com a redução de hospitalizações desnecessárias, e mostraram também que os

tempos de resposta, face ao tempo máximo de resposta garantido previsto na legislação, para agendamento e

realização de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, consultas de especialidade, cirurgias

programadas, não foi cumprido nas unidades locais de saúde e que o tempo médio de permanência no

internamento aumentou em todas as unidades locais de saúde.

Mas, além disto, este tipo de organização, ao pretender colocar sob um único mando hierarquizado os

hospitais e os centros de saúde, acaba por ter uma visão «hospitalocêntrica», subordinando os cuidados de

saúde primários, limitando a sua autonomia e condicionando a relação de proximidade com os seus doentes e

as populações. Em suma, na verdade, não há muito por onde argumentar, com a realidade das ULS existentes,

que este modelo seja melhor para as populações.

Mas olhemos para o caso concreto de Ovar.

Na verdade, Ovar está farto de perder serviços, em particular na saúde: perdeu a maternidade, as urgências

têm as extensões de saúde fechadas e poucas especialidades no hospital. Ao mesmo tempo, a população de

Ovar tem sido muito presenteada com promessas incumpridas de reativação de centros de saúde, reativação

de urgências ou de outros serviços hospitalares, promessas nunca cumpridas.

Agora, aquilo que o Governo propõe, com esta inclusão na ULS de Aveiro, é que se diga à população, que

já perdeu muitas valências de saúde, que, afinal, vão ter de se deslocar várias dezenas de quilómetros, e isto

se não tiverem de ir de Aveiro para Coimbra, porque também em Aveiro já se passa por várias dificuldades. E,

portanto, não é admissível que se continue a penalizar as populações que já têm dificuldade de acesso à saúde

em nome de uma superconcentração de serviços que, como já vimos, não resolve os problemas identificados.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, esta decisão do Governo só coloca a saúde mais longe da população

e torna o acesso mais difícil, tal como não assenta, sequer, em critérios de custo-benefício e não respeita nem

acautela a vontade da grande maioria da população do concelho de Ovar, e é isso que hoje tentamos inverter.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Adão Silva): —: Para apresentar o Projeto de Resolução n.º 572/XV/1.ª, tem a palavra o

Sr. Deputado Hugo Oliveira, do Grupo Parlamentar do PS.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Hugo Oliveira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A criação de duas novas unidades locais

de saúde no distrito de Aveiro, designadamente a Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga e a

Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, pretende ser uma nova dimensão no planeamento e organização

da prestação de cuidados de saúde à população, com o objetivo de consolidar relevantes ganhos em saúde,

através da otimização e integração de cuidados, da proximidade assistencial, da autonomia de gestão, sempre

com o foco nos utentes.

Esta nova abordagem vai definir a reorganização das instituições do Serviço Nacional de Saúde, que passam

a assumir a resposta assistencial de forma integrada de vários níveis de cuidados.

O princípio do livre acesso e circulação, ao conferir aos utentes do Serviço Nacional de Saúde a possibilidade

de poderem optar por qualquer hospital, não menoriza a importância de fatores como o da proximidade e acesso,

devendo ser considerado como fator real de importância na definição para a integração do Hospital Dr. Francisco

Zagalo, de Ovar, e do Centro de Saúde de Ovar. A proximidade geográfica do concelho de Ovar às unidades

hospitalares do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, em particular ao Hospital de São Sebastião, constitui

um natural fator de atratividade, aquando da ponderação da procura de serviços de emergência e de cuidados

diferenciados.

Estando em curso um plano de reorganização e integração vertical de cuidados daquela região, não é

compreensível ignorar a habitual e comprovada livre escolha dos utentes e vir a integrar os cuidados de saúde

de Ovar na futura Unidade Local de Saúde da região de Aveiro, como foi acordado entre o Ministério da Saúde

e a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro.