I SÉRIE — NÚMERO 16
52
Posto isto, uma primeira nota prévia: o PSD é a favor da criação de unidades locais de saúde. A divergência
que tem com o Partido Socialista é ao nível da forma como se propõe avançar. É entendimento desta bancada
parlamentar que o processo se deveria desenrolar faseadamente, em diálogo com os autarcas e as populações.
Uma segunda nota importante: não somos contra a criação das ULS de Aveiro e Entre Douro e Vouga. A
integração e articulação dos cuidados de saúde primários, bem como os hospitalares, se bem implementados,
podem efetivamente traduzir-se em ganhos para os cidadãos.
Assim, importa clarificar o que está em causa no projeto de resolução que submetemos à apreciação desta
Assembleia. No âmbito da reorganização do Serviço Nacional de Saúde, que generaliza as unidades locais de
saúde, determinou o Governo integrar o município de Ovar na ULS de Aveiro, decisão que implica a
referenciação dos utentes deste concelho, com 55 000 habitantes, para o Hospital de Aveiro. Ora, para os
autarcas e para a população ovarense é de todo incompreensível a não integração de Ovar na ULS de Entre
Douro e Vouga como referenciação para o Hospital de Santa Maria da Feira.
Quem conhece a geografia do território e os movimentos pendulares da população do distrito não pode
aceitar nem compreender uma decisão como esta, do Governo do Partido Socialista. Ovar está à distância de
15 a 20 minutos do Hospital da Feira e a cerca de uma hora de Aveiro.
O Sr. Diretor Executivo do SNS e o Sr. Ministro da Saúde foram atempadamente alertados para este erro
grosseiro.
Já no início de 2023, o PSD questionava, nesta Casa, o Governo sobre esta matéria. Aliás, agora, quando
confrontado com a oposição da população e dos autarcas de todos — todos! — os quadrantes políticos em
todos os órgãos municipais onde está incluído o Partido Socialista, o Sr. Ministro da Saúde não conseguiu
justificar o injustificável.
Aplausos do PSD.
Limitou-se a lembrar que a lei consagra o princípio do livre acesso e circulação dos utentes do SNS, que lhes
permite optar por qualquer hospital. Ora, se assim é, porque insistiu o Governo em contrariar a lógica e a ordem
natural das coisas, penalizando os 55 munícipes ovarenses?
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, tinha razão o PSD quando defendeu que a criação das ULS deveria
ser feita de outra forma e em diálogo com as populações. O projeto que o PSD aqui apresenta recomenda ao
Governo que não integre Ovar na ULS de Aveiro.
Sr. Deputado do Partido Socialista, se não percebeu, voltamos a dizer: o que o PSD defende é a não
integração de Ovar na ULS de Aveiro.
Aplausos do PSD.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Madureira (PSD): — No projeto do Chega, não percebemos a recomendação. Ou é uma gralha
ou, de facto, não conhecem o território.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — É uma gralha!
A Sr.ª Carla Madureira (PSD): — Quanto ao projeto de resolução apresentado e subscrito pelos Deputados
de Aveiro do Partido Socialista vai ter o nosso voto favorável. Aliás, na Comissão de Saúde, tivemos ocasião de
felicitar o PS por, finalmente, ter acordado para esta matéria, quando é conhecida a desgraça que todos e vários
partidos e a governação socialista fizeram à saúde no município de Ovar. Poderíamos relatar vários casos, mas,
de facto, já o dissemos aqui por várias vezes.
Para terminar, Sr. Presidente, formulo o meu desejo de que o Governo do Partido Socialista reconsidere este
caso e não obrigue, mais uma vez, o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa, a lamentar ter-se expressado mal
quando disse, e passo a citar: «Maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho.» Assim
esperamos.