21 DE OUTUBRO DE 2023
65
bombardeamentos indiscriminados, o bloqueio e a ameaça de uma ainda mais cruel agressão à população
palestiniana na Faixa de Gaza, colocando-a entre a morte e a expulsão.
Denunciando a profunda hipocrisia do imperialismo face à questão palestiniana, condenamos as tentativas
de silenciar e impedir legítimas manifestações de solidariedade com o povo palestiniano. Reafirmamos a
urgência de uma solução política, que garanta a concretização do Estado da Palestina soberano e independente,
com as fronteiras de 1967, e capital em Jerusalém Oriental, e a efetivação do direito ao retorno dos refugiados,
conforme as resoluções da ONU. A paz no Médio Oriente exige o respeito dos inalienáveis direitos nacionais do
povo palestiniano.
O voto apresentado pela Comissão de Negócios Estrangeiros não assume, de forma correta e rigorosa, a
indispensável abordagem da situação que se vive na Palestina e da situação política, sem a qual nunca será
alcançada uma paz justa e duradoura na região. Expressa o pesar pelas vítimas israelitas, optando por ignorar
as vítimas palestinianas e também israelitas, que sucumbiram na sequência dos bombardeamentos nos últimos
dias. Apela a que não seja cortada a eletricidade, a água e a energia, quando já foram cortadas há mais de uma
semana.
Por outro lado, a expressão no voto de que Israel tem o direito de se defender…
Protestos do CH.
… no contexto atual, tem o significado perverso de constituir um incentivo à agressão de Israel ao povo
palestiniano.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — O caminho para a paz só será possível, não com o apelo ao ódio ou a mais
violência, mas, sim, com justiça para o povo palestiniano, com o respeito do direito internacional, com a
concretização de uma solução política através do cumprimento das relevantes resoluções da ONU com o fim da
política de ocupação e opressão por parte de Israel.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome da Iniciativa Liberal, tem a palavra o Sr. Deputado
Rodrigo Saraiva.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Sr. Presidente: Logo no primeiro dia útil, depois do que aconteceu no dia 7,
apresentámos nesta Casa um voto de condenação pelos atos terroristas e por aquela barbárie que o Hamas
cometeu, não só sobre israelitas, mas sobre cidadãos de diversas nacionalidades.
Chegámos à reunião da Comissão de Negócios Estrangeiros e, existindo vários votos, de vários partidos,
também do Grupo Parlamentar de Amizade, e sendo que aquilo que foi falado é que se deveria chegar a um
voto comum que saísse da Comissão com esta condenação, retirámos o nosso voto perante esse objetivo.
Com alguma tristeza, só hoje é que estamos a fazer este voto com um texto comum, quando já o deveríamos
ter feito há uma semana, mas aqui estamos. Revemo-nos neste texto, tal como nos revemos naquilo que tem
sido a posição histórica do Estado português relativamente à situação naquela zona do globo.
A comunidade internacional tem, de forma geral, de se concentrar em quatro pontos: em condenar o
terrorismo, na libertação dos reféns, na ajuda humanitária — garantir que ela existe e que acontece e que chega
às pessoas, aos civis! — e no apelo bastante assertivo ao respeito pelo direito internacional e pelo direito
humanitário. Era nisto que todos deveríamos estar de acordo.
Aplausos da IL e de Deputados do PS e do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra o Sr.
Deputado Alexandre Poço.