I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Filipe Melo (CH): — É isto que vocês defendem?
Aplausos do CH.
O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — Vocês não têm noção da realidade!
O Sr. Filipe Melo (CH): — Srs. Deputados, então porque é que, quando uma empresa paga IVA, os partidos
políticos não hão de pagar? É esta, mais uma vez, a injustiça que todas as bancadas — todas, sem exceção!
— defendem.
O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — Vamos acabar com os benefícios todos!
O Sr. Filipe Melo (CH): — O Chega foi o único que teve a coragem, a ousadia, de propor acabar com estes
benefícios para os partidos políticos.
As famílias têm dificuldades, as empresas têm dificuldades. Por que motivo hão de os partidos ser
beneficiados?
Aplausos do CH.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem agora a palavra o
Sr. Deputado João Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, este Orçamento do
Estado não serve o Serviço Nacional de Saúde. Aliás, como também não o serviu o Orçamento do Estado para
2023, está mais do que evidente, nem o Orçamento do Estado para 2022, e o PCP alertou para isso.
Não podemos deixar de falar do concurso de acesso às vagas de especialidade, em que mais de 400 vagas
ficaram por preencher. Foram 21,2 % os médicos que não escolheram qualquer especialidade, e isto é muito
preocupante, precisamente porque especialidades mais carenciadas, como é o caso da medicina geral e familiar
ou da medicina interna, tão importantes que são para a garantia dos cuidados do Serviço Nacional de Saúde,
ficaram com grande parte das suas vagas por preencher.
Isto é bem o retrato da falta de atratividade do Serviço Nacional de Saúde, aliás, é bem o retrato das opções
políticas do Governo, que têm prejudicado o Serviço Nacional de Saúde. Nomeadamente, é bem o retrato da
necessidade de garantir carreiras que sirvam cada um dos grupos profissionais, da falta de resposta para
valorizar estes profissionais em termos salariais, da falta de condições de trabalho.
Muitos dos internos são a mão de obra barata para garantir os cuidados prestados no Serviço Nacional de
Saúde. Eles são, essencialmente, os tapa-buracos, substituindo até especialistas que deveriam estar a
assegurar os cuidados no Serviço Nacional de Saúde.
Por isso, neste Orçamento do Estado, o PCP traz propostas de reforço efetivo do Serviço Nacional de Saúde,
nomeadamente, garantindo o acesso, por opção, à dedicação exclusiva; a majoração de 50 % da remuneração-
base; a majoração da contagem do tempo para efeitos de avaliação, em termos de progressão na carreira; mais
dias de férias; mais formação; e participação em investigação. Mas também trazemos incentivos à fixação em
zonas e em especialidades carenciadas.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Dias (PCP): — O PCP traz propostas que são necessárias, nomeadamente para a atratividade
dos cuidados de saúde primários, com mais médicos e enfermeiros, com mais assistentes administrativos, mas
também com mais assistentes operacionais e outros profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos,
higienistas orais, enfim, com a diversidade de cuidados que é necessária nos cuidados de saúde primários.
O PCP tem apresentado soluções que, a serem aprovadas, trariam outras condições para que o nosso
Serviço Nacional de Saúde garantisse os cuidados de que a população precisa. Aquilo a que assistimos é, de