I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Muito bem, Mariana! Então, não batem palmas?
O Sr. Rui Afonso (CH): — E esta situação tem permitido aos bancos a obtenção de ganhos extraordinários
à custa da asfixia financeira das famílias e das empresas portuguesas.
Vozes do CH: — Muito bem!
O Sr. Rui Afonso (CH): — No mesmo período em que a banca obteve lucros recorde, a DECO (Associação
Portuguesa de Defesa do Consumidor) recebeu mais de 20 000 pedidos de ajuda. E atenção que a maioria
destes pedidos de ajuda vieram de pessoas que mantiveram os seus empregos e não tiveram qualquer quebra
de rendimento, mas que entraram em dificuldades financeiras devido unicamente à subida dos preços e das
taxas de juros.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Exatamente!
O Sr. Rui Afonso (CH): — Sr.as e Srs. Deputados, não é aceitável assistirmos, impávidos e serenos, à
delapidação financeira das famílias e das empresas em prol dos lucros dos bancos.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!
O Sr. Rui Afonso (CH): — Por isso, propomos, através da proposta 1507-C, a criação de uma contribuição
de caráter temporário que inclua única e especificamente os lucros extraordinários da banca. A receita desta
contribuição deverá ser direcionada exclusivamente para o financiamento de programas de apoio à habitação,
ajudando assim a aliviar o peso financeiro que o custo da habitação representa para muitas famílias portuguesas.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!
O Sr. Rui Afonso (CH): — Sr.as e Srs. Deputados, esta não é uma questão de ideologia política, de ser de
direita ou de esquerda. É simplesmente garantir a dignidade, a justiça e a coesão social que devem prevalecer
num verdadeiro Estado de direito.
Aplausos do CH.
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Então, o Bloco não bate palmas?
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Coimbra, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, este Orçamento do Estado é um
deserto de soluções na área do ambiente e dos resíduos. E, na falta de ideias e de propostas inovadoras, o
Partido Socialista e o seu Governo fizeram aquilo que sabem fazer melhor, que é aumentar a carga fiscal.
A nobre contribuição sobre os sacos de plástico e embalagens de uso único, tal como nos foi apresentada,
ignora os princípios que sustentam a fiscalidade verde tal como ela deve ser executada, baseada no estudo e
na avaliação das medidas fiscais anteriores, direcionada à mudança de comportamentos, garantindo a
neutralidade fiscal para não asfixiar ainda mais os contribuintes portugueses.
Este Governo, que arrasou a fiscalidade verde, vem agora fazer uso dela, mas de uma forma atabalhoada e
sem assegurar aspetos essenciais: tem de haver um balanço contabilístico da aplicação das medidas; tem de
ser conhecido o relatório da fiscalidade verde associado à redução do consumo de plásticos.
Tem de se fazer as coisas com pés e cabeça, Sr.as e Srs. Deputados, para mudar comportamentos, para
melhorar a oferta, para apostar na reciclabilidade dos materiais. Não pode ser só aumentar a receita. Melhores
impostos aceitam-se, mais impostos não.
Aplausos do PSD.