I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr.
Deputado Miguel Costa Matos.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Outra vez? Farta-se de trabalhar, não está habituado a isso!
O Sr. Miguel Matos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, Sr.as e Srs. Secretários de
Estado, temos, desde 2019, enfrentado os interesses instalados da banca. Fizemo-lo assegurando que as
comissões bancárias no MB WAY eram limitadas.
Na altura disseram-nos — pasme-se! — que, se limitássemos as comissões bancárias no MB WAY, o MB
WAY iria desaparecer. Quatro anos volvidos, a verdade é que ele continua aí, com mais inovação, mas também
com mais direitos para os consumidores.
Aplausos do PS.
Foi esta também a nossa linha de atuação em relação ao crédito à habitação, em que limitámos as comissões
bancárias no distrate, na avaliação, no reembolso antecipado, no processamento das prestações.
O Sr. Filipe Melo (CH): — Parece que estás num comício!
O Sr. Miguel Matos (PS): — E, de facto, estamos a conseguir limitar as comissões bancárias, mas é preciso
fazer muito mais.
Nesse dossiê, como naquele sobre o qual hoje falamos, infelizmente, o que mais falta é a ação decisiva dos
reguladores. Qual é esse assunto de tal maneira importante? Foi há 2 anos e 10 dias que foi publicada a lei que
regula o direito ao esquecimento. É uma lei importantíssima, que consagra em Portugal um regime que já existe
em vários países da União Europeia.
E essa lei diz o quê? Diz que, logo no momento da sua entrada em vigor, alguém que superou uma doença
grave, como por exemplo uma doença oncológica, há mais de 10 anos, ou alguém que, através de tratamento
médico, tenha mitigado uma doença como o HIV (human immunodeficiency virus) ou a diabetes, há mais de
dois anos, tem o direito a ver essa informação não ser recolhida, a ver essa informação não ser armazenada e
a ver o seu acesso aos produtos financeiros não ser discriminado.
O Sr. Miguel Cabrita (PS): — Muito bem!
O Sr. Miguel Matos (PS): — Esse é o direito ao esquecimento, que o Partido Socialista consagrou na lei.
A Sr.ª Mara Lagriminha Coelho (PS): — Muito bem!
O Sr. Miguel Matos (PS): — Infelizmente, o que é que aconteceu 2 anos e 10 dias depois? Mais uma vez,
as entidades reguladoras não estão a fazer o seu trabalho, mas esta Assembleia da República esteve atenta e
foi por isso que, em fevereiro deste ano, ouvimos as entidades reguladoras. E o que é que elas nos disseram?
Disseram-nos que faltavam algumas normas habilitantes… Bom, é isso que neste Orçamento do Estado
estamos a procurar corrigir.
Que não falte absolutamente nada, que não haja nenhuma desculpa para travarmos a vergonha moral que
é os bancos e as seguradoras continuarem a discriminar os sobreviventes de cancro e as pessoas que têm
diabetes e HIV.
Aplausos do PS.
O Sr. Filipe Melo (CH): — Já chega, parece que estás num comício! Calma!
O Sr. Miguel Matos (PS): — É por isso, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Presidente, que vamos assegurar que
não falta mesmo nada. Portanto, neste Orçamento do Estado, vamos impor um prazo para que haja um acordo