O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 34

20

O que aqui se passa não é uma iniciativa somente linkada a receber os dinheiros da Europa, é muito mais do que isto. Isto é uma iniciativa que vem de 2019, da anterior Legislatura. Foi suscitada quando o bastonário da Ordem dos Médicos fez a denúncia do que se passava num lar em Reguengos; foi-o quando o bastonário da Ordem dos Advogados falou dos direitos humanos em Odemira; e foi aí que o Primeiro-Ministro, António Costa, deu o alerta de que as ordens o estavam a incomodar e de que era preciso mudar o enquadramento. Esta é a razão e o cerne.

Protestos do Deputado do PS Luís Soares. O que aqui vemos, nesta iniciativa atabalhoada, é tão simplesmente a tentativa de amordaçar e controlar

politicamente, ao nível de se dizer o que são os atos próprios da engenharia. Quando é que a política vai definir por decreto as competências, as aptidões de um engenheiro para

determinados atos de engenharia? Protestos do Deputado do PS Eurico Brilhante Dias. Isto passa, essencialmente, por cumprir um objetivo fundamental do controlo político dos órgãos. Entrando

em vigor e aprovada essa iniciativa somente pelo PS, não vamos ouvir mais o grau de autonomia e de liberdade de as ordens apontarem ao PS, ao Governo, aquilo que entendem que não está a ser bem feito. Isso deixará de existir — primeiro objetivo concluído.

O segundo problema dessa vossa proposta é que, ao contrário de vermos propostas discutidas, com serenidade, com as ordens, com os parceiros — estamos a falar de 400 000 profissionais —, algo que deveria ser feito em profundidade, dada a complexidade do tema, vemos uma alteração «a mata-cavalo», à pressa, ao último dia do cair do pano. E é somente, não tanto, até, por receber os dinheiros de Bruxelas, mas para satisfazer o objetivo único do controlo político que o PS quer deixar como marca e, pior ainda, como uma marca não da excelência, mas do nivelar por baixo e de virmos a ter, daqui a alguns anos, nas engenharias e nas profissões reguladas, o que vocês fizeram à educação e que o PISA (Programme for International Student Assessment), no panorama internacional, que muito nos penaliza.

Aplausos do PSD. Protestos do Deputado do PS Eurico Brilhante Dias. O Sr. Presidente: — Não havendo mais nenhum pedido de intervenção… Pausa. Pede a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias. Peço aos grupos parlamentares que desejem usar da palavra que se inscrevam junto da Mesa. Também

pede a palavra o Sr. Deputado José Soeiro. Primeiro, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Bruno Dias, do Grupo Parlamentar do PCP.

Faça favor, Sr. Deputado. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Permitam-me que recorde aqui as

primeiras frases do texto da declaração do PCP, proferida aquando da aprovação destes mesmos decretos e dos vários decretos resultantes da proposta de lei do Governo sobre esta matéria: «O processo que hoje se conclui, à data de 13 de outubro de 2023, relativo à revisão dos Estatutos das Ordens Profissionais, proposto pelo Governo, é a maior trapalhada legislativa do século XXI.»

O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente! O Sr. Bruno Dias (PCP): — «Este processo legislativo iniciou-se ao contrário do que devia ter ocorrido.»