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II SÉRIE — NÚMERO 78

20 % nas suas áreas. O número de courelas atribuídas é de 835, quando, inicialmente, era de 851. A área média por courela subiu de 1,29 ha para 1,63 ha, devido à redução do número de courelas e aumento da área distribuída.

A Herdade dos Gagos foi utilizada não só para efeitos de «acesso à propriedade», mas também para pilotagem de actos de fomento agrário visando o aproveitamento integral dos recursos da bacia da ribeira de Muge, nos seus multíplices aspectos: hidráulicos (barragem e adaptação ao regadio); pedológicos (terraplenagens da Grande Várzea do Arroz e combate à erosão na zona livre por meio de ordenamento florestal — curvas de nível); pecuários (rebanhos de ovinos, etc); fitológicos (instalação de pomares, culturas horto — industriais, etc.), e humanos (produtividade versus empresas economicamente viáveis, a partir de pequenos casais já espontaneamente constituídos e carecidos de terra de complemento).

A barragem e a sua albufeira (para 400 000 m3 de água), ocupam 15 ha, facultando água de rega a 80 ha de terreno que antes era terra sáfara e hoje é um dos mais belos e produtivos rincões da antiga Herdade dos Gagos.

Dezenas de hectares da Grande Várzea do Arroz foram terraplenados e nivelados, ao mesmo tempo que se fazia a limpeza e correcção (a drag-line) do leito da ribeira de Muge; se protegiam as suas margens com plantação de choupos e com a construção elevada de um cômoro de protecção com estrada de escoamento; se construíram açudes de regularização do caudal, etc.

Na zona florestal realizou-se a plantação de espécies capazes de contrariar a degradação do solo, anulando — se os barrocais, ao mesmo tempo que, sob a orientação dos serviços florestais, se iniciou um trabalho de combate à erosão em curvas de nível, colocando nestas sobreiros, pinheiros, eucaliptos, etc. O seu sucesso foi patente, observando-se a gradual regeneração do solo e o reaparecimento de mananciais.

IV

Na zona da Herdade dos Gagos a produtividade mantém um nível elevado, não só devido às condições favoráveis de clima, solo e proximidade de grandes centros consumidores, mas sobretudo devido ao processo tradicional da consolidação da propriedade e da exploração da empresa familiar de pequena e média dimensão, visto que atendem sabiamente ao calendário dos trabalhos ao longo do ano, ao período útil da actividade do agricultor (dos 18 aos 50 anos) e à importantíssima transmissão da propriedade aos filhos que mostram inclinação para a lavoura, ficando os restantes subalternizados ou seguindo para «doutores» quando as explorações atingem certa dimensão. Os jovens começam por trabalhar à jorna, para aprenderem o ofício, e, uma vez chegados à idade de casar, arranjam a «cachopa» enquanto os pais lhes facultam um pedaço de terreno afastado, onde construir a casa e anexos. De seguida, a sua ambição é obter terreno para pão e, concomitantemente, para palha, alimento dos animais de tracção. A aquisição de terreno para a vinha é a suprema ambição do jovem, ao que se segue, por ordem de prioridade, terra de floresta, só parando quando alcançam o máximo do terreno com-

patível com a sua capacidade técnica e administrativa, pois ninguém nasce empresário agrícola e só sabe as suas potencialidades à medida que a ocasião se lhe oferece revelá-las.

V

Os problemas pendentes

a) Pela política de descentralização, e seguindo na peugada de fomento anteriormente iniciada pela JC1, vai a Direcção Regional do Ribatejo e Oeste instalar na Herdade dos Gagos um dos seus departamentos, visando a criação de viveiros para benefício dos agricultores do vale de Muge e arredores. Àquela Direcção vai o IGEF ceder 16,2 ha de terreno na zona onde se projectava erguer um aldeamento.

b) Estão dados os primeiros passos para que os beneficiários da zona do regadio com água da barragem do Vale das Casas da Herdade dos Gagos criem uma associação para receberem, graciosamente, a barragem, a albufeira e suas orlas, na condição de garantirem a sua conservação e segurança. O forte individualismo que reina entre eles e a desconfiança cm cooperativismo têm gorado todas as tentativas da entrega da obra, sobretudo quando antes a obra teria de ser amortizada por todos os utentes. Todos querem benefícios sem pagar e sem assumir responsabilidades.

c) Mutatis mutandis, o mesmo se pode aplicar aos beneficiários da zona do arroz. Está o IGEF na disposição de entregar aos arrozeiros, também a título gracioso, todas as obras que o Estado executou nessa zona (eira, hangar para as máquinas e produtos, viveiros, estradas, açudes, ponte, motores de elevação, etc), desde que os arrozeiros se comprometam, associando — se, a receber a obra e a garantir a sua conservação e segurança, nem como a observância de um calendário de rega, previamente estabelecido. Porém, todos querem continuar a usufruir das regalias de rega, mas sem se comprometerem.

d) A zona florestal é aquela que maior dificuldade tem apresentado, tendo sido abordados, sem êxito, várias soluções, nomeadamente a de se constituir uma cooperativa, logo rejeitada pelo espírito reservado e desconfiado; a de distribuir pelos mais desfavorecidos, também repudiada por estes, murmurando não poderem pagar anuidades devido à sua debilidade económica ser incompatível, para um período longo de amortização até à primeira tiragem de cortiça; a de dividir em grandes talhões, a entregar àqueles que, pelo seu maior estofo económico pudessem aguardar vários anos pela tiragem da cortiça, sem quebra do pagamento das anuidades durante todo o período da primeira revolução cultural em que não há receitas, tendo sido esta solução acoimada de servir para engordar ricos; igualmente se procurou transferência para os serviços florestais, como a entidade em melhores condições de prosseguir a obra de regeneração do solo e conservação das águas, o que logo precipitou a acusação de se querer manter um feudo, passando do Estado para o Estado, visto que a Herdade dos Gagos foi comprada para os rendeiros e não para o Estado ficar com ela; finalmente, parece haver um consenso entre os rendeiros em que a «serra» deve ser entregue à Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim como denominador comum,