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II SÉRIE — NÚMERO 29

agravamento do défice da balança de transacções correntes.

Economias muito mais fortes do que a nossa assistiram a saídas maciças de capitais atraídas pelo comportamento das taxas de câmbio e de juro do dólar. No caso português acrescem factores políticos associados ao processo de revisão da Constituição recentemente concluído.

No total, deverá chegar-se no ano em curso a um défice da balança de transacções correntes da ordem dos 3 biliões de dólares, o que representa mais de 12 % do PI3.

5 — A experiência dos últimos 8 anos em Portugal mostra claramente que uma pequena economia aberta do exterior não pode manter por muito tempo um ritmo de crescimento da procura intema relativamente rápido num contexto generalizado de recessão nos seus principais parceiros sem provocar uma detersopcçCs» sensível do desequilíbrio externo. A evolução verificada noutros países, designadamente a França apesar da dimensão da sua economia e do seu avanço tecnológico e industrial, confirma esta análise, que não poderá ser ignorada na definição dos objectivos e das políticas para 1983.

6 — O enquadramento externo da economia portuguesa não deverá no próximo ano alterar-se substancialmente do padrão apresentado no capítulo i.

O crescimento económico manter-se-á a nível reduzido e o desemprego continuará a agravar-se. Provavelmente, a inflação continuará a desacelerar na maior parte dos países industrializados e os preços das matérias-primas manterão a tendência depressiva do passado recente.

As políticas económicas não deverão sofrer alterações substanciais e pode temer-se um agravamento das medidas proteccionistas em vários países.

Apesar de se prever o fim da subida anormal do dólar, como a descida recente das taxas de juro deixa antever, a incerteza que tanto tem afectado os mercados monetários e cambiais continuará, provavelmente, a fazer-se sentir, derivada das preocupações antes referidas quanto à solvabilidade de países e empresas que tanto perturbam os mercados financeiros internacionais.

£ perante um quadro internacional sombrio que Portugal deverá adoptar em 1983 como principal objectivo da política económica a recondução do défice da balança de transacções correntes para um nível sustentável, para o que se procurará reduzir aquele défice dos 3 biliões de dólares atingidos em 1982 para cerca de 2 biliões no próximo ano, como primeiro passo de um ajustamento gradual que evite custos sociais demasiado elevados.

Este objectivo terá de ser prosseguido através de uma dupía estratégia. Em primeiro lugar, e como se demonstrou nos parágrafos anteriores, é indispensável conter a procura interna, de forma a ajustar melhor a evolução em Portugal ao comportamento dos nossos mercados. Em segundo lugar, será necessário continuar a estimular a transferência de recursos para o sector exportador e, em geral, incentivar a competitividade das actividades geradoras de receitas em divisas e intensificar os esforços para reduzir a dependência do

exterior no que toca ao abastecimento alimentar e energético.

Simultaneamente, uma vez ultrapassados os factores de ordem política que terão contribuído para movimentos especulativos de capitais, será indispensável alcançar níveis adequados de poupança intema e assegurar a sua aplicação em condições que facilitem o financiamento do investimento produtivo.

A fim de tomar possível a concretização do objectivo acima mencionado para a balança de transacções correntes, o comportamento das principais variáveis macroeconómicas não poderá afastar-se do padrão que figura no cenário que a seguir se apresenta:

QbfsoCvos para 1983 CTTonns ás crescimento anual em volume)

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

C) Objectivos. (°°) EstlmoUvos.

O objectivo fixado para o défice da balança de transacções correntes representa ainda um nível elevado, em comparação com o produto interno bruto, mas o Governo julga que a opção por um valor inferior, para ser efectivamente alcançada, implicaria custos sociais elevadíssimos.

Afigura-se mais adequado e com maior credibilidade procurar uma redução gradual ao longo de um período de 2 anos.

Mesmo assim, o quadro anterior mostra claramente que a concretização do objectivo fixado para o próximo ano implica um grande esforço por parte dos agentes económicos e do Governo.

De facto, a redução do défice da balança de transacções correntes de 3 biliões para 2 biliões de dólares pressupõe uma inversão muito sensível do comportamento ca procura interna e um razoável crescimento das exportações de bens e serviços num contexto internacional pouco favorável.

Peio peso que tem no total da procura, a evolução do consumo privado será crucial para se alcançarem os objectives pretendidos.

Deste modo, torna-se indispensável alcançar um crescimento moderado dos rendimentos nominais e asse-