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II SÉRIE — NÚMERO 69

os marqueses de Belas, à Companhia de Crédito Público; e é adquirida pelo capitalista José Borges de Almeida, que a deixa por herança ao filho.

1910 — Ê classificada de Monumento Nacional, por decreto de 16 de Junho de 1910, a anta, designada de Pedra dos Mouros. Situa-se no cimo do monte, no centro geográfico da Quinta. É considerado um dos mais antigos espécimes dolmé-nicos.

1943 — A Quinta do Senhor da Serra, com todos os imóveis nela compreendidos: o Paço Real (séculos xiii-xiv), a Ermida do Senhor da Serra (1776), duas fontes decorativas (século xvii), o Obelisco dos Regentes (1795) e a Capela de Nossa Senhora das Misericórdias (século xvi), são classificados de «Interesse Público», por Decreto n.° 32 973, de 18 de Agosto de 1943.

1944 — Morre o proprietário Dr. Armando Borges de Almeida. Os herdeiros (Família Brito) vendem a Quinta ao capitalista Júlio Martins, depois de delapidarem parte do conteúdo artístico, de entre ele, os azulejos hispano-árabes do século xvi, que forravam os silhares da Capela de Nossa Senhora das Misericórdias.

1945 — O proprietário Júlio Martins faz cercar a Quinta do Senhor da Serra com forças da GNR, com o intuito de interromper a realização da romaria, e acabar para sempre com a maior tradição romeira dos arredores de Lisboa.

1946 — O proprietário Júlio Martins começa a efectuar obras no palácio, mormente no interior; as quais inflectiam na alteração da sua traça arquitectónica. Denunciado aos Monumentos Nacionais, estes embargam a obra, tendente a desfigurar o mesmo.

1947 — Entretanto a Quinta é entregue à exploração agrícola e pecuária de uma empresa: a Sociedade Agrícola Sagrial, L.**, formada entre os membros da família do proprietário Júlio Martins.

1952 — Com o conhecimento da autarquia local, é levada da Quinta, com destino aos jardins do Palácio de Queluz, uma das fontes decorativas «classificadas», a da Estátua de Neptuno, obra atribuída a Bernini.

1957 — Continuando a delapidação do conjunto monumental classificado, o proprietário leva para a sua residência, no Campo Pequeno, na Avenida de Oscar Monteiro Torres, 28, os painéis de azulejos de motivos campestres, de fins do século xviii, que ornavam a escadaria do Paço Real.

1965 — Todo o sudeste da Quinta é objecto de uma intensa exploração de pedreira, entregue à empresa familiar do proprietário Júlio Martins: a Empresa de Serração e Mármores do Pendão, L.dB Surge assim, com a deflagração dos tiros, a ameaça, viria a ser fatal, para a Ermida do Senhor da Serra.

1971—Um artigo «A Ermida Setecentista dó Senhor da Serra, um valor artístico de Belas, está a ser destruído por uma sociedade familiar», inserido no Jornal de Sintra, alerta as autoridades para o que está a acontecer com um monumento classificado.

1975:

O vogal Jorge Xavier, numa intervenção em sessão da Câmara Municipal de Sintra, pede para se transmitir à Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais a situação de abandono em que se encontra o Paço Real de Belas.

Dá-se a ocupação do edifício do Paço Real. Nas suas dependências passam a funcionar: 1.° andar: uma clínica de psiquiatria, dirigida pelo Dr. Guilherme Ferreira, do Hospital Miguel Bombarda, com material fornecido pela Junta de Freguesia de Belas; r.o rés-do-chão: o Centro Folclórico de Belas, instituição de «Utilidade Pública»; e ainda outros organismos.

1977 — A Câmara Municipal de Sintra inicia um processo de expropriação da Quinta. Do livro das actas da Câmara Municipal de Sintra (fls. 148 e 149):

Um grupo de vereadores da Câmara Municipal de Sintra desloca-se a Belas, à Quinta do Senhor da Serra, a fim de analisarem in loco o conjunto arquitectónico, com vista a uma possível expropriação e conservação da mesma. Após discussão do assunto, a Câmara deliberou, por unanimidade, concordar com o envio dos processos referidos pelo Sr. Presidente do Ministério da Habitação, Urbanismo e Construção, para se verificar a possibilidade de concessão de verbas a 100 % para aquisição dos terrenos e imóveis em causa.

1978 — O arquitecto Couto, da Direcção dos Monumentos Nacionais, sobraçando um dossier referente ao problema da Quinta do Senhor da Serra, acompanhado do engenheiro Almeida Garrett e outras entidades, chega a Belas e toma conhecimento in loco da situação do conjunto monumental.

1979:

Forças da GNR procedem è força, à desocupação do Palácio da Quinta do Senhor da Serra, dos organismos que desenvolviam nas suas salas, assistência social, cultural e desportiva; contrariando o que o Sr. Arquitecto Vitoriano Martins garantira à autarquia local, que não pensava em fazer desocupar o Palácio, dado o carácter de Utilidade Pública, que tomara o imóvel em causa.

Publicado no Jornal de Sintra um artigo «Para quando expropriação do Paço Real de Belas? Um imóvel classificado de interesse público»; alertando as autoridades para o estado de rápida degradação em que se encontra o Palácio.

Os Serviços Culturais da Câmara Municipal de Sintra contactam com o director do Museu do Azulejo, salientando o esíado de degradação em que estão os azulejos históricos do século xviii, da Capela do Senhor da Serra; e sugerem a deslocação ao local de um técnico para a eventualidade de se salvarem os mesmos.